Brasil – O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prometeu trazer “o governo inteiro” a São Paulo para ver o cenário da cracolândia e das pessoas em situação de rua da cidade. O petista afirmou que a questão fiscal não pode se sobrepor à formulação de políticas para os mais pobres e disse que seu governo terá “um olhar humanista com o povo humilde”.
“Eu nunca tinha visto o que eu vi hoje na rua de São Paulo”, disse o petista, que discursou no evento Natal dos Catadores nesta quinta-feira, 15. “Acho que era o pessoal da cracolândia que foi tirado de um lugar e colocado em outro. Quero trazer o governo inteiro para ver”, declarou.
Evocando a suposta dicotomia entre mercado e sociedade, o presidente eleito afirmou: “A gente não cuida do pobre se ficar vendo estatística. Se ficar olhando para o orçamento, se ficar olhando para a política fiscal do governo, sempre haverá uma prioridade acima dos pobres”.
Lula assumiu o compromisso de realizar um encontro com moradores de rua do centro de São Paulo após a posse. A organização do encontro, segundo ele, ficará a cargo do padre Júlio Lancelotti, que também estava presente.
O evento contou com a presença de ministeriáveis, como o advogado Silvio Almeida, cotado para os Direitos Humanos, e o ex-prefeito Fernando Haddad, confirmado para a Fazenda. Também estava presente a empresária Luiza Trajano, dona da rede Magazine Luiza.
Em seu discurso, Haddad reeditou a promessa de campanha de Lula de “colocar o pobre no orçamento”. Segundo ele, esta foi a “tarefa” entregue a ele por Lula. “Ministro da Fazenda tem que ter uma preocupação: colocar o pobre no orçamento e o rico no imposto de renda”, disse.
No palco, além de Lula e Lancelotti, estavam a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, o advogado Marco Aurélio Carvalho, do grupo de trabalho de Justiça do governo de transição, e a secretária municipal de Relações Internacionais de São Paulo, Marta Suplicy.
Lancelotti criticou o veto do presidente Jair Bolsonaro ao projeto que proíbe a chamada “arquitetura hostil” em São Paulo. O texto visava proibir que a prefeitura modifique a estrutura de calçadas e viadutos para impedir a permanência da população de rua. “Esperamos que seja derrubado o veto do presidente Bolsonaro, Muitos covardes não têm coragem de fazer esse decreto”, afirmou o religioso.
A categoria de catadores pediu a criação de uma secretaria especial de reciclagem no Ministério do Meio Ambiente no próximo governo, e a revogação de decretos editados pelo governo atual. Também foi requisitada a criação de uma Secretaria nacional que atenda à população em situação de rua.
Fonte: Estadão


