Brasil – “Vou ter que recomeçar do zero”, afirmou o frentista Carlos Vinícius de Jesus, de 29 anos, um dos 88 brasileiros deportados dos EUA que desembarcou em Confins (MG), na noite do sábado (25).

Com isso, entre os brasileiros que desembarcaram, vários foram algemados pelos agentes de imigração dos Estados Unidos.

De acordo com a Polícia Federal, usar algemas e correntes é um procedimento padrão da imigração americana durante os voos com deportados dos Estados Unidos.

Esse foi o primeiro voo com deportados vindo para o Brasil no novo governo de Donald Trump – mas é o segundo de 2025.

Esses voos fazem parte de um acordo bilateral sobre deportação assinado pelos Estados Unidos e Brasil, em 2018 e que continua em vigor. O objetivo, segundo o Itamaraty, é abreviar o tempo de permanência de brasileiros presos por imigração irregular em centros de detenção americanos.

Natural de BH, Carlos morava em Vespasiano, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e há 8 meses tentou entrar ilegalmente nos EUA, com a esperança de ajudar a família e comprar uma casa para os filhos, uma menina, de 9 anos, e um menino, de 8.

“Juntei o dinheiro em uma minha vida toda, desde os 18 anos. Vendi a moto, a casa, vendi tudo. Eu queria dar uma vida melhor para os meus meninos, porque eles moram de aluguel e eu queria dar uma casa para eles. Queria ajudar a minha mãe também. Eu estava trabalhando só para pagar conta.”

O frentista disse que não pagou coiote – pessoa que se especializa em guiar migrantes que tentam entrar ilegalmente nos Estados Unidos – e que gastou 30 mil dólares na saga, equivalente a mais de R$170 mil.

Em maio do ano passado, ele saiu de Minas Gerais, foi para São Paulo, depois para o Panamá e Guatemala. No país guatemalteco, atravessou de barco para a cidade de Tijuana, no México, onde tentou a travessia arriscada.

“Andei a pé mais de oito horas dentro do mato. Depois atravessei um rio e fui preso.”

Carlos ficou preso em San Diego, na Califórnia. A primeira etapa da prisão foram oito dias numa “sala do gelo’”, como era conhecida pelos estrangeiros, porque é um ambiente com ar-condicionado muito forte e com temperatura baixa.

“Fui preso que nem um cachorro. Lá eles não tratam ninguém bem. Eles são anti-imigrantes”.

Embora esteja frustrado por não ter conseguido alcançar os objetivos, ele se disse aliviado por estar de volta ao Brasil: “Graças a Deus estou de volta. É melhor estar vivo do que ter bens materiais”.

Vestindo uma camiseta com os dizeres “Ore, espere e confie, Carlos Vinícius contou que nunca deixou de pedir auxílio a Deus nos momentos difíceis quando estava preso. “Nunca deixei de acreditar em Deus. Orava e confiava em Deus.”

Daqui para frente, Carlos quer ter uma nova oportunidade de vida e rever os filhos. Ele falou ainda que matou a saudade da comida feita pela mãe.

“Jantei carne assada, arroz, feijão e salada de tomate com alface. Oito meses que eu não comia carne praticamente. Comi um pedaço no Natal. Daqui pra frente, eu quero vida nova e nunca mais eu saio daqui , porque eu fiquei com medo de morrer”.

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