O Relógio do Juízo Final, indicador simbólico da proximidade da humanidade a uma catástrofe global, foi ajustado para 89 segundos da meia-noite em 2024, a menor distância já registrada desde sua criação há 78 anos.
A decisão foi anunciada nesta terça-feira (28) pelo Bulletin of the Atomic Scientists (Boletim dos Cientistas Atômicos), organização que gerencia o relógio desde 1947. O ajuste foi motivado pelo agravamento da guerra na Ucrânia, a escalada do conflito no Oriente Médio e o aumento dos arsenais nucleares das principais potências mundiais.
— Estados Unidos, China e Rússia têm a responsabilidade principal de tirar o mundo do abismo. O mundo depende de ação imediata — declarou a organização em comunicado.
Nos últimos dois anos, o relógio marcava 90 segundos para a meia-noite, mas agora avançou um segundo. Embora pareça uma mudança mínima, os cientistas alertam que isso representa um perigo extremo e um aviso inequívoco sobre o aumento do risco de um desastre global.
Ameaças globais crescentes
Os especialistas destacaram que a guerra na Ucrânia, agora em seu terceiro ano, pode se tornar nuclear a qualquer momento por erro de cálculo ou decisão precipitada. Além disso, o conflito no Oriente Médio ameaça se expandir descontroladamente, e países com armas nucleares estão fortalecendo e ampliando seus arsenais.
— O processo de controle de armas nucleares está entrando em colapso e os contatos diplomáticos entre as potências nucleares são totalmente insuficientes diante da gravidade da situação — advertiu o Boletim.
Outros fatores também contribuíram para o avanço do relógio, como o agravamento das mudanças climáticas, o impacto contínuo de doenças emergentes sobre a economia e a sociedade e o avanço desregulado da inteligência artificial, que pode trazer riscos imprevisíveis à segurança global.
— Fazemos um apelo apaixonado a todos os líderes: agora é a hora de agirmos juntos! As ameaças existenciais que enfrentamos só podem ser superadas com liderança ousada e cooperação global — afirmou Juan Manuel Santos, ex-presidente da Colômbia e ganhador do Prêmio Nobel da Paz, durante a apresentação do novo ajuste.
O pior cenário da história
A situação atual é considerada mais crítica do que em 1953, quando o relógio marcava dois minutos para a meia-noite em meio à Guerra Fria, período em que Estados Unidos e União Soviética realizaram seus primeiros testes de armas termonucleares.
O Boletim dos Cientistas Atômicos foi fundado em 1945 para alertar o mundo sobre os perigos das armas nucleares e outras ameaças globais. Entre seus membros fundadores estavam cientistas renomados como Albert Einstein e Robert Oppenheimer.
