
Em nova polêmica envolvendo a gestão de David Almeida (Avante), o nome do secretário Sabá Reis (Avante), titular da Secretaria Municipal de Limpeza Pública (Semulsp), volta a ser associado a irregularidades. Desta vez, o alvo é o uso indevido do Cemitério Nossa Senhora Aparecida, conhecido como “Cemitério do Tarumã”, localizado na zona Oeste de Manaus. A denúncia foi encaminhada à 57ª Promotoria de Justiça de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania e está sob a responsabilidade do promotor Mirtil Fernandes do Vale.
Este caso não é inédito, visto que o cemitério já havia sido foco de críticas anteriormente. Em 2023, a condição de abandono do local foi destacada em uma reportagem exclusiva, que revelou um episódio de assédio a uma visitante. Durante a visita ao túmulo de seu marido, a leitora denunciou que foi abordada por um indivíduo que se masturbou na frente dela enquanto andava entre os túmulos. Ela afirmou que, ao procurar ajuda na guarita, a segurança estava ausente. Esse episódio gerou indignação e reforçou as falhas na gestão do espaço.
Além disso, a gestão de Sabá Reis também foi mencionada em um escândalo de corrupção que veio à tona no ano passado. Em 2023, a Polícia Federal, junto com a Receita Federal e o Ministério Público Federal, deflagrou a Operação “Dente de Marfim”, que investigou crimes de sonegação fiscal, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e corrupção. Sabá Reis foi citado como envolvido no esquema de recebimento de propina, tendo supostamente intermediado contratos de uma empresa de conservação, construção e pavimentação, a Mamute Conservação, com a Prefeitura de Manaus, no valor de R$ 40 milhões.
A investigação revelou que o contrato foi feito de forma irregular, sem licitação, e que a empresa beneficiada com os contratos da prefeitura estava envolvida em uma série de irregularidades fiscais e financeiras. Em seu relatório, a Polícia Federal identificou a emissão de notas fiscais falsas por parte de empresas contratadas pela Mamute Conservação, com indícios de envolvimento de um escritório de advocacia e até de um empresário ligado a um antigo partido político do Amazonas.
A Operação “Dente de Marfim” também apontou que a empresa continuou suas atividades ilícitas durante a gestão atual. Segundo a investigação, apesar de não renovar o contrato com a Mamute, o vínculo entre a administração municipal e a empresa não terminou, pois continuaram ocorrendo nomeações para cargos públicos e troca de favores entre os investigados. Essa situação levantou suspeitas de pagamento de vantagens indevidas a funcionários públicos.
A situação tem gerado cada vez mais questionamentos sobre a transparência e a ética na administração pública de Manaus, com foco nos vínculos entre a Semulsp e empresas privadas. Além disso, as medidas cautelares de busca e apreensão, que envolveram o bloqueio de R$ 30 milhões, apreensão de carros de luxo, bolsas de grife e outros bens, sugerem que o esquema pode ter sido ainda mais complexo do que inicialmente imaginado.
Agora, o caso do Cemitério do Tarumã adiciona mais uma camada à crescente lista de irregularidades envolvendo a gestão de Sabá Reis. A continuidade dessas investigações pode resultar em novas ações e mais esclarecimentos sobre a relação entre as autoridades locais e as práticas suspeitas que, há muito, vêm prejudicando a população manauara.