Dois movimentos sociais ligados ao deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), o Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) e a Frente Povo Sem Medo, realizaram nesta quinta-feira (3) uma ocupação na sede do banco Itaú, na Avenida Faria Lima, em São Paulo, um dos principais símbolos do mercado financeiro brasileiro. A manifestação teve como principal reivindicação a reforma tributária e a taxação dos super-ricos.

— Hoje o MTST e a Frente Povo Sem Medo ocuparam a sede do Itaú na Faria Lima — o edifício mais caro do país, construído por R$ 1,5 bilhão. A pauta central é a taxação dos grandes patrimônios. A mensagem do povo é clara: o Brasil precisa de justiça fiscal — escreveu Boulos em seu perfil no X, compartilhando fotos dos manifestantes com cartazes.

Enquanto isso, o deputado participava em São Paulo de uma audiência pública na Assembleia Legislativa (Alesp) sobre projeto que visa beneficiar entregadores de aplicativos.

Nas redes sociais, a ação repercutiu fortemente entre críticos do governo, que chegaram a comparar a ocupação do prédio privado aos ataques de 8 de janeiro em Brasília.

— Este é o retrato da esquerda atual no Brasil: não produzem nem geram riqueza, só caos e desordem — afirmou o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello (PL-RJ).

O ex-secretário de Comunicação do PL, Fábio Wajngarten, questionou se os responsáveis pela invasão seriam punidos com penas semelhantes às dos invasores do Congresso Nacional e dos demais prédios do Poder Executivo em Brasília.

— A invasão na Faria Lima em São Paulo resultará em penas de 10, 15 ou 18 anos de prisão? — provocou Wajngarten, acrescentando que todos os envolvidos deveriam ser identificados, presos e sentenciados em até 15 dias.

O deputado Gustavo Gayer (PL-GO) também criticou a manifestação, chamando o ato de “terrorismo político” e classificando de “idiotas” os progressistas da Faria Lima que, em 2022, teriam promovido jantares para aproximar eleitores indecisos de Lula.

O senador Rogério Marinho (PL-RN) repudiou o protesto, dizendo que o PT repete a velha estratégia de polarização social.

— O PT tenta dividir o Brasil em “nós contra eles”: pobres contra ricos, pretos contra brancos, patrões contra trabalhadores. Esse filme já vimos e sabemos o desfecho: quem perde é o país — declarou Marinho, que pediu ainda a volta de Bolsonaro à Presidência.

Por outro lado, parlamentares da base aliada de Lula foram mais contidos nas críticas. Deputados do PSOL, como Pastor Henrique Vieira e Chico Alencar, divulgaram fotos e vídeos da ocupação, reforçando as reivindicações do MTST.

— O povo trabalhador está cansado de um sistema que protege bilionários e penaliza a população — afirmou Vieira.

A manifestação acontece em meio a um conflito entre o Planalto e o Congresso Nacional. Na semana passada, o Parlamento derrubou o decreto do governo Lula que aumentava o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), medida que integrava a estratégia de reforço na arrecadação para cumprir as metas fiscais. Na terça-feira (1º), a Advocacia-Geral da União (AGU) acionou o Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar reverter a decisão legislativa.

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