
Pouco antes de deixar a função de gerente de Hospitais e Fundações da Secretaria de Saúde do Amazonas (SES-AM), o enfermeiro Michael Pinto Lemos utilizou suas redes sociais para destacar aquilo que considerava um dos maiores avanços da gestão estadual na área da saúde: a entrada das Organizações Sociais de Saúde (OSS) na administração de unidades hospitalares.
Em suas publicações, Lemos classificava o novo modelo como um “momento histórico”, ressaltando que a mudança ampliaria o atendimento à população, modernizaria a infraestrutura hospitalar e asseguraria melhores condições de trabalho aos servidores. Um dos exemplos citados foi a transformação do Hospital e Pronto-Socorro 28 de Agosto e do Instituto da Mulher Dona Lindu no Complexo Hospitalar da Zona Sul, em setembro de 2024. Segundo ele, a integração sob gestão de OSS trouxe mais medicamentos, insumos e equipamentos, além de garantir segurança salarial para servidores efetivos e terceirizados, preservando a valorização de médicos, enfermeiros, técnicos e demais trabalhadores da saúde.
Ele também destacou como conquista a entrega de novos equipamentos ao Hospital Delphina Aziz, que, segundo afirmou, ampliou a capacidade de diagnóstico e deu mais agilidade ao atendimento. Pouco depois, o governador Wilson Lima endossou esse discurso, afirmando que a saúde do Amazonas passava por uma “transformação profunda”, marcada por transparência, concorrência entre prestadores de serviço e investimentos em tecnologia. Para o governador, o novo modelo significava o fim de antigos monopólios e a construção de uma rede hospitalar mais eficiente e acessível.
Entretanto, paralelamente à atuação pública, o nome de Michael Pinto Lemos também esteve envolvido em disputas judiciais. Em 2022, ele foi citado em uma ação de indenização por danos morais movida pelo servidor Antonio Mendes de Souza Neto, que alegou ter sido alvo de calúnia e difamação em publicações feitas no Facebook e no blog Portal dos Fatos. As mensagens, divulgadas por Lemos e pelo blogueiro Fabrício Bezerra Rocha, vinculavam Mendes ao deputado Felipe Souza, acusando-o de lobby em hospitais e práticas de corrupção.
De acordo com a ação, as acusações tiveram forte repercussão e culminaram na exoneração de Antonio Mendes de um cargo público em março de 2022. O autor pediu R$ 40 mil de indenização e a retirada das publicações, alegando que sofreu prejuízos à sua imagem e carreira. A defesa sustentou que houve extrapolação da liberdade de expressão, com o objetivo de autopromoção política. O caso tramitou no 7º Juizado Especial Cível de Manaus e expôs como o ambiente digital e os debates sobre saúde também se tornaram palco de disputas pessoais e políticas.
Assim, enquanto exaltava avanços e defendia um modelo de gestão considerado moderno para a saúde do Amazonas, Michael Pinto Lemos também enfrentava questionamentos na esfera judicial, em um contraste que marcou sua trajetória pública recente.
Veja os documentos: