Brasil – O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) afirmou nesta sexta-feira, 29, que irá processar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por difamação. O motivo seria a fala do chefe executivo em uma entrevista à Rádio Itatiaia, que associou o parlamentar ao crime organizado.

“Irei à Justiça para que responda por essa difamação assim como farei com todos os demais – estou compilando tudo”, escreveu em publicação no X.

Lula associou Nikolas Ferreira à megaoperação contra o PCC ao lembrar que, no início do ano, o deputado ajudou a espalhar notícias falsas sobre uma suposta taxação do Pix. Segundo especialistas, o crime organizado aproveitou justamente as fragilidades regulatórias do método de transferência para lavar dinheiro, sobretudo após a revogação da obrigação de repassar informações à Receita Federal.

Sem mencionar diretamente o nome de Nikolas, o presidente falou que “tem um deputado que fez uma campanha contra a mudança que a Receita Federal propôs, e agora tá provado que o que ele estava fazendo é defender o crime organizado”.

Secretário também criticou vídeo do deputado

Na quinta-feira, 28, o secretário especial da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, também citou que a desinformação divulgada sobre a normativa de janeiro teria atrapalhado a fiscalização de fintechs, como as suspeitas de envolvimento com o PCC no setor de combustível.

Não há provas, no entanto, de que o vídeo divulgado pelo deputado tenha relação direta com o caso. Mesmo assim, Barreirinhas afirmou que a ação do órgão mostrou quem se beneficiou com a revogação da norma que aumentava a fiscalização de transferências via Pix acima de R$ 5 mil.

“Essas fake news foram tão fortes, que apesar de todo o esforço da Receita Federal, nós não conseguimos seguir essas mentiras, por conta da força de quem as impulsionava. […] E as operações de hoje mostram quem ganhou com essas mentiras, com essas fake news”, pontuou o secretário, em entrevista coletiva.

Devido à grande repercussão do vídeo de Nikolas Ferreira, o governo revogou o ato normativo que previa regras para a fiscalização de fintechs e bancos digitais.

Operação Carbono Oculto

A Receita Federal, em conjunto com outros órgãos, deflagrou a Operação Carbono Oculto, que tem como objetivo desmantelar um esquema de fraudes e lavagem de dinheiro no setor de combustíveis. Além dos postos, estão na mira diversas outras empresas envolvidas na cadeia de importação, produção e distribuição.

Segundo as investigações, o PCC teria usado mais de mil postos de combustíveis para movimentar cerca de R$ 52 bilhões entre os anos de 2020 e 2024. A organização criminosa se valia de fintechs, que operavam como bancos, e de ao menos 40 fundos de investimentos para ocultar o patrimônio. Ao todo, 42 alvos foram localizados em cinco endereços na Avenida Faria Lima, em São Paulo, local considerado o maior centro empresarial do País.

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