Diferente dos anos anteriores, marcados por fumaça intensa e seca prolongada, a qualidade do ar em Manaus neste ano tem se mantido em níveis satisfatórios. Especialistas atribuem o cenário às chuvas atípicas em pontos isolados da Amazônia e à queda histórica nos focos de queimadas, que reduziram significativamente os riscos à população.

De acordo com o professor Rodrigo Souza, criador do aplicativo Selva, ferramenta de monitoramento da poluição atmosférica no estado, as precipitações recentes têm sido essenciais para evitar episódios críticos de poluição. Ele acrescenta que a redução expressiva das queimadas contribuiu ainda mais para a melhora da qualidade do ar.

Os índices medidos até o momento estão dentro dos limites recomendados pela legislação vigente, sem necessidade de alertas. A previsão climática do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam) indica que as chuvas devem se manter regulares, o que mantém a expectativa de estabilidade nos próximos meses.

Cenário de anos anteriores

Nos anos de 2023 e 2024, Manaus e municípios vizinhos enfrentaram períodos críticos devido à estiagem e às queimadas. Durante esses anos, a cidade permaneceu coberta por fumaça por dias, e o Selva frequentemente indicava qualidade do ar ruim ou péssima.

O meteorologista Leonardo Vergasta explica que o El Niño em 2023 e a combinação do fenômeno com o aquecimento do Atlântico Tropical Norte em 2024 provocaram déficits significativos de chuva na Amazônia. A menor umidade relativa e do solo, associada à falta de água na atmosfera, favoreceu a propagação das queimadas.

Em 2025, mesmo com precipitação abaixo da média nos meses críticos de agosto e setembro, a situação não chegou a níveis críticos. Alguns locais registraram chuva ligeiramente acima da média, aumentando a umidade e contribuindo para a redução drástica das queimadas.

Segundo Rodrigo Souza, a diminuição já chega a 85% nos focos de incêndio em agosto em comparação ao ano anterior. O monitoramento do Selva indica que Manaus apresenta qualidade do ar boa em toda a cidade, e a expectativa é de que a tendência se mantenha nos próximos meses, tornando 2025 mais tranquilo que 2023 e 2024.

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