
Em sua primeira missa dominical após ser proibido pela Arquidiocese de São Paulo de transmitir celebrações pela internet, o padre Júlio Lancellotti voltou a adotar um discurso de vitimização ao afirmar que estaria sendo alvo de uma “conspiração” contra as ações da Pastoral de Rua, iniciativa voltada ao atendimento de pessoas em situação de rua.
A fala ocorre em meio a acusações de abuso sexual que atingem o religioso e que estão sob apuração interna da Arquidiocese de São Paulo. As denúncias — algumas antigas e outras mais recentes — ganharam repercussão em setores da mídia e envolvem relatos de ex-coroinhas ou ex-internos, além de supostos laudos periciais sobre vídeos e depoimentos.
Durante a homilia, Lancellotti não mencionou diretamente as acusações, mas voltou a afirmar que estaria sendo perseguido por grupos organizados que, segundo ele, atuariam para “destilar ódio” e deslegitimar seu trabalho. O padre sustenta que a divulgação das denúncias faz parte de uma perseguição política e ideológica, relacionada à sua atuação social e às posições que costuma defender publicamente.
Apesar do tom acusatório das denúncias, o padre nega veementemente qualquer irregularidade. Ele afirma que todas as acusações são falsas e reforça que investigações anteriores conduzidas pela Justiça e pelo Ministério Público, envolvendo denúncias semelhantes, foram arquivadas por falta de provas.
Mesmo após a decisão da Arquidiocese que o proibiu de usar as redes sociais para transmissões, a missa foi exibida ao vivo por um perfil ligado a ativistas, o que gerou questionamentos sobre o cumprimento das determinações da Igreja.
Até o momento, a Arquidiocese de São Paulo não se manifestou publicamente sobre o andamento das investigações internas nem sobre o descumprimento da orientação referente às transmissões online.


