O  Portal A Crítica mostrou irregularidades envolvendo colégios da Polícia Militar (PM) e o curso pré-vestibular Biosfera. 

Além de pagar taxas que consideram abusivas em colégios da Polícia Militar (PM) do Amazonas, alunos de algumas escolas não tem sequer o direito às aulas em laboratórios de informática, o que é previsto, inclusive, no Plano Nacional de Educação (PNE). Outra denúncia de pai de aluno revela que um grupo de estudantes do terceiro ano, que deveria estudar em uma escola militar, onde estava matriculado, tinha aulas nas salas de um cursinho pré-vestibular particular, com mensalidades pagas pela PM.

As novas denúncias de irregularidades surgiram após audiência pública promovida pela Ordem dos Advogados do Brasil no Amazonas (OAB-AM) para discutir denúncias de pais de alunos, sobre o condicionamento do pagamento dessas taxas para efetivação da matrícula ou rematrícula, além de cobranças por coisas que o Estado deveria fornecer, como fardamento e material didático. A audiência aconteceu na terça-feira (12), na sede da OAB-AM.

Para alguns pais e alunos, a falta de acesso às aulas de informática, como prevê o Plano Nacional de Educação, é o mais preocupante, uma vez que vivemos “na era da tecnologia”. A estudante Yasmim Nascimento, 18, estudou no 4º Colégio Militar da Polícia Militar Áurea Pinheiro Braga, no bairro Grande Vitória, na Zona Leste e, segundo a jovem, a escola não tem laboratório de informática.

“Estudei dois anos lá. mas nunca tinha aula de informática, muito menos em laboratório. Na verdade, lá não tem nenhuma sala que funciona como laboratório”, contou.

Outra aluna, de 17 anos, que pediu para não tem o nome divulgado, disse que no CMPM Áurea Pinheiro Braga há alguns computadores, mas ficavam “guardados” nos corredores da escola. “Havia alguns computadores, mas eles estavam no corredor e não tínhamos orientação para usá-los, não éramos levados para lá”, contou.

No 6º Colégio Militar da Polícia Militar do Amazonas, localizado no Conjunto Habitacional Viver Melhor, Zona Norte, a situação não é diferente. A auxiliar de serviços gerais Lane Santos, 32, contou que a escola também não tem laboratório e muito menos aulas de informática. “Não tem nada disso. O que eu sei que tem é taxas para pagar, se não pagar não pode fazer a rematrícula da criança para o próximo ano”, disse, indignada.

Prejudicado

Uma dona de casa, mãe de um adolescente de 17 anos, que pediu para não ser identificada com medo que o filho seja expulso da escola, disse que fica triste ao ver que o filho não tem aulas de conteúdos que considerado como básicos na “era da tecnologia”.

Segundo ela, é importante que todos os alunos tenham a possibilidade de ter aulas em laboratórios de informática, mas na realidade só os pais que têm mais possibilidades financeiras conseguem oferecer isso aos filhos. Ela, no entanto, disse que faz o máximo possível para pagar as taxas e manter o filho na escola, “que é considerada de referência”, justifica.

Cursinho custeado pela Polícia Militar

Cerca de 70 alunos do 3° ano do ensino médio de colégios da Polícia Militar estudavam no curso pré-vestibular Biosfera, no Centro, com aulas custeadas pela própria PM. Dessa forma, eles teriam mais chances de serem aprovados em vestibulares e os colégios administrados pela PM seriam bem avaliados. As denúncias são de pais de alunos. A “seleção” excluía a maioria dos estudantes.

Um pai de aluno, que pediu para não ser identificado, contou que os alunos eram apenas matriculados em colégios da PM, mas sequer pisavam nas escolas. Eles iam direto para o cursinho, onde tinham aula no turno integral. “Há pais que pagam metade do valor e mensalidades pagas exclusivamente pela PM. Em torno de 90% desses alunos são do Colégio da PM da Cidade Nova”, disse.

Denúncias são graves, diz CTB-AM

A presidente da Central dos Trabalhadores do Brasil no Amazonas (CTB-AM), Isis Tavares, classificou como grave a ausência de laboratórios de informática em colégios da Polícia Militar, medida que descumpre o Plano Nacional de Educação (PNE). “Mas o mais grave ainda é a denúncia de que alunos matriculados nessas escolas estudam, na verdade, em cursinhos pré-vestibular. É a mesma coisa que falsidade ideológica”, criticou ela, apontando a importância da gestão.

“O Estado tem obrigação de garantir educação e educação de qualidade para os alunos, aí o Estado não garante e ainda investe dinheiro, porque é ele que paga os professores. Mas os alunos ficam sob ótica do privado, porque eles têm que comprar uniforme e material didático. Toda essa questão é muito grave”, disse.

As informações são do Portal A Crítica.

Artigo anteriorForagidos do Compaj que atuavam como flanelinhas são presos no Centro de Manaus
Próximo artigoMulher mata marido e faz amante passar por plástica para assumir lugar dele