Após a forte mobilização dos professores em protesto contra a Reforma Municipal da Previdência, aprovada pela Prefeitura de Manaus e chancelada pela Câmara Municipal (CMM), o prefeito David Almeida (Avante) decidiu adotar mais uma medida polêmica: cancelou o ponto facultativo da próxima sexta-feira (21). Oficialmente, Almeida alegou ser “contra ponto facultativo no serviço público”, mas a decisão evidencia claramente uma retaliação direcionada aos professores em greve e engajados nas manifestações.

Em suas declarações, o prefeito enfatizou a educação como justificativa: “Eu tenho 252 mil alunos, muitos dos quais recebem na escola a única refeição do dia. Não posso parar minhas escolas para que todos ‘se divirtam’. Por isso, se o feriado cai na quinta-feira, só se observa no dia do feriado; na sexta, é dia normal de trabalho”.

No entanto, a narrativa de Almeida se contradiz. Em fevereiro de 2025, durante o ponto facultativo do Carnaval, o prefeito aproveitou a folga para viajar ao Caribe em circunstâncias suspeitas e participar de comemorações do aniversário de sua então noiva, Izabelle Fontenelle, com gastos exorbitantes em champanhe de mais de R$ 30 mil. A postura revela conveniência política: quando lhe convém, Almeida usufrui dos pontos facultativos; quando os servidores protestam contra medidas impopulares, ele os pune.

A decisão de revogar apenas o ponto facultativo do dia 21, dias depois da aprovação da Reforma pela CMM e da deflagração da greve pelo Sindicato de Professores e Pedagogos de Manaus (Asprom/Sindical), reforça a suspeita de perseguição aos educadores. O Radar revisitou os decretos da Prefeitura e constatou que, em janeiro, foram anunciados nove pontos facultativos para o ano inteiro, incluindo a sexta-feira pós-feriado da Consciência Negra. Mesmo assim, o ponto foi cancelado após os professores se mobilizarem, evidenciando retaliação velada e estratégia de “dividir para governar”.

Servidores de outros setores da Prefeitura também criticaram a medida, ressaltando que pontos facultativos não são apenas dias de lazer: “Esses dias são usados para estudos, elaboração de projetos e descanso. Publicar o calendário no início do ano permite que nos programemos. Ser surpreendido agora, só porque o prefeito não gosta de ponto facultativo ou está irritado com os professores, é injusto e demonstra desprezo pelo funcionalismo”, disse uma fonte à reportagem.

A Asprom/Sindical divulgou nota de repúdio ao posicionamento do prefeito, classificando a revogação do ponto facultativo como ato de retaliação aos professores que se mobilizam contra a reforma da previdência municipal.

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