Nos últimos anos, o número de denúncias de LGBTQIA+fobia disparou. Dados do Disque 100, serviço do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania (MDHC) que registra violações de direitos humanos, mostram 5.741 casos registrados até setembro deste ano. Em 2023, foram feitas 6.070 denúncias, um salto de 2.122 registros em comparação com 2022 (3.948).

A maioria das denúncias envolve violência contra homens gays, embora as principais vítimas de agressão sejam transexuais e travestis. “Este não é um dado novo. Já em 2019, a Pesquisa Nacional de Saúde [PNS] apontava uma prevalência de violência contra a população LGBTQIA+, especialmente contra mulheres”, afirma Ricardo de Mattos Russo, professor de Saúde Pública da UERJ.

Para Russo, o aumento das denúncias reflete uma postura mais afirmativa da comunidade LGBTQIA+ e uma maior consciência sobre as violações de direitos. “Vivemos um momento de confronto entre grupos que reivindicam suas identidades e uma sociedade tradicional, o que intensifica a política de ódio no Brasil”, analisa.

O perfil dos denunciantes revela uma predominância de homens gays brancos entre 20 e 40 anos. A professora de Direito Privado da UFF, Carla Appollinário de Castro, explica que esses indivíduos, por se reconhecerem como sujeitos de direitos, são mais propensos a denunciar. “Embora mulheres trans e travestis sejam as maiores vítimas, muitas não se enxergam como cidadãs com direitos a reivindicar, devido a uma vida marcada pela exclusão e opressão”, pontua.

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