Brasília – O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse na noite desta quinta-feira (18), em live via redes sociais, que a prisão de Fabrício Queiroz foi “espetaculosa”. Ele afirmou não estar “envolvido nesse processo”, e disse esperar “que a Justiça siga o seu caminho”. Queiroz foi assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente, e foi preso em um imóvel de Frederick Wassef, advogado da família Bolsonaro.

“Deixo bem claro, não sou advogado do Queiroz e não estou envolvido nesse processo. Queiroz não estava foragido e não havia nenhum mandado de prisão contra ele. E foi feita uma prisão espetaculosa”, disse o presidente. “Ele já deve estar no Rio de Janeiro, deve estar sendo assistido pelo advogado, e que a Justiça aí siga o seu caminho. Mas parecia que estavam prendendo o maior bandido da face da Terra.”

Queiroz e família Bolsonaro

Fabrício José Carlos de Queiroz, de 55 anos, é policial militar aposentado. Foi assessor e motorista de Flávio Bolsonaro quando o filho do presidente era deputado estadual no Rio. Familiares de Queiroz também trabalharam no gabinete de Flávio na Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro).

Queiroz e Jair Bolsonaro se tornaram amigos nos anos 1980, e a amizade já foi citada publicamente pelo próprio presidente durante uma entrevista. Na ocasião, ele disse que era amigo de Queiroz há muitos anos e que já o auxiliou com empréstimos algumas vezes. Uma de suas filhas trabalhou no gabinete de Jair Bolsonaro quando este era deputado federal.

Queiroz é suspeito de participar de um esquema de corrupção na Alerj, no qual cobraria a “rachadinha” – termo usado para apontar a prática de ficar com parte salários de servidores – quando trabalhava no gabinete de Flávio Bolsonaro. Na época, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) detectou movimentação superior a R$ 1,2 milhão nas contas de Queiroz.

Flávio se manifestou sobre a prisão de Queiroz em mensagem publicada em sua conta no Twitter. O senador disse ter recebido com tranquilidade a notícia e afirmou que “a verdade prevalecerá”.

Mais cedo hoje, o advogado de Queiroz, Paulo Emílio Catta Pretta, afirmou que Queiroz “sempre esteve à disposição da Justiça e não era procurado, nem mesmo foragido.”

“Qualquer intimação que fosse feita a ele, ele atenderia, ou algumas vezes que não pode comparecer, justificou as ausências”, afirmou o advogado.

O advogado não soube dizer qual a relação do cliente com o advogado de Flávio Bolsonaro, Frederick Wassef — dono do imóvel no qual Queiroz foi encontrado nesta manhã.

“Ele [Queiroz] falou que estava em São Paulo porque tem ido com alguma alguma regularidade por conta do tratamento [médico]. Mas ele não me disse e eu também não perguntei porque estava na casa do Frederick”, falou.

A assessoria jurídica do presidente Jair Bolsonaro negou a relação do presidente com o advogado Frederick Wassef. Na nota, assinada pela advogada Karina Kufa, o escritório afirma que é o único a representar o presidente Jair Bolsonaro em ações na Justiça, tendo uma sociedade com o escritório Moraes Pitombo Advogados em processos criminais.

Wassef representou Bolsonaro, no entanto, em processos sobre o atentado cometido por Adélio Bispo contra o presidente durante a campanha eleitoral de 2018. O advogado também é figura constante no Palácio do Planalto, tendo sido nesta semana um dos convidados da posse do novo ministro das Comunicações, Fábio Faria.

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