Brasil – A semana em que finalmente Jair Bolsonaro (PL) deve ser encarcerado no Complexo Prisional da Papuda começa com movimentações intensas nos bastidores e apostas, especialmente entre interlocutores, de quanto tempo, dos 27 anos e 3 meses de condenação, o ex-presidente deve permanecer na penitenciária antes de voltar a cumprir prisão domiciliar na mansão alugada pelo PL para o clã no condomínio Solar de Brasília.

Aliados próximos do ex-presidente, que têm pressionado o governador do Distrito Federal Ibaneis Rocha (MDB), acreditam que o encarceramento na Papuda será o último ato de “humilhação pública” imposto por Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF).

No entanto, a expectativa é que o ex-presidente volte para casa cerca de uma semana depois, devido à estratégia de vitimização já traçada pela defesa, em conluio com o governo do Distrito Federal.

Neste fim de semana, advogados afirmaram à Mônica Bergamo, na Folha de S.Paulo, que o ex-presidente não aguentará ficar preso na Papuda e terá um “piripaque” para voltar para casa.

A declaração casa com a estratégia já colocada em marcha. Antes do início do julgamento dos chamados embargos infringentes, já rejeitados pela primeira turma do STF, interlocutores do ex-presidente procuraram colunistas do jornal O Globo para traçar um quadro vitimista sobre a saúde dele.

No jornal da família Marinho, o “script” repetido pelos aliados de Bolsonaro é sempre o mesmo: “o ex-presidente está soluçando muito, com ânsia de vômito, meio aéreo e sozinho em casa”. Ele também estaria reclamando do “abandono de quem deve muitos votos”.

Celso Villardi e Paulo Amador Cunha Bueno também já encomendaram a uma equipe médica, com médicos cirurgião, clínico-general e dermatologista, uma espécie de “dossiê anti-Papuda”.

No documento, a defesa de Bolsonaro vai apresentar um histórico de deterioração da saúde do ex-presidente desde o episódio da facada, ocorrido durante a campanha de 2018.

Segundo Malu Gaspar, no mesmo O Globo desta quinta-feira (6), o dossiê “deve apontar riscos à saúde em razão do câncer de pele e crises de refluxo, soluço e vômito, além de pressão alta e apneia, além das complicações derivadas das sucessivas operações na região do abdômen após a facada de 2018”.

Para embasar a vitimização, Flávio Bolsonaro falou com a jornalista d’O Globo e culpou Alexandre de Moraes pela deterioração da saúde do pai.

“Acho que o castigo e a tortura que o Alexandre de Moraes está submetendo o Bolsonaro têm que ter algum limite”, dramatizou.

Em seguida, o senador deu a dica de que o dossiê médico será usado para tentar evitar que o pai vá para a Papuda. “O mínimo que pode ser feito é fazer com que ele fique em casa, tratando da sua saúde”, emendou.

“Se Bolsonaro morrer lá”

A estratégia ficou ainda mais clara no ofício enviado pelo secretário de administração penitenciária do DF, Wenderson Souza e Teles, subordinado a Ibaneis Rocha, pedindo que Bolsonaro fosse “submetido à avaliação médica por equipe especializada, a fim de que seja realizada avaliação de seu quadro clínico e a sua compatibilidade com a assistência médica e nutricional disponibilizados nos estabelecimentos prisionais” da capital.

Pré-candidato ao Senado, Rocha quer entrar na disputa com o apoio do clã Bolsonaro. Aliados do governador do DF acreditam que caso aconteça algo com Bolsonaro na Papuda, a aliança será implodida.

“Se Bolsonaro passar mal e morrer lá na Papuda, o governo Ibaneis vai ficar péssimo na foto”, afirmou um interlocutor de Bolsonaro à coluna de Malu Gaspar, n’O Globo, nesta segunda-feira (10).

Nesta semana, a cela em que Bolsonaro será encarcerado deve receber a visita da senadora Damares Alves (Republicanos-DF), que quer conferir se o local está à altura de receber o ex-presidente.

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