Um grupo com cervejeiros, todos homens, trocou mensagens racistas no último mês. As mensagens, enviadas por um grupo de WhatsApp chamado de “Cervejeiros Illuminati” com cerca de 200 integrantes, ofendem principalmente concorrentes e profissionais negros . As mensagens também ofendem mulheres e feministas.

Alguns textos mostram visão preconceituosa sobre o continente europeu e associam a produção de cerveja à cultura europeia, portanto, exclusiva de brancos. Após a divulgação das mensagens em redes sociais, o grupo foi encerrado no dia 15 de agosto.

“O Mapa [Ministério da Agricultura] autoriza uma cervejaria negra? Não tem que ser branca, facilmente lavável, inox, etc.?”, escreveu Guilherme Jorge Giorgi, sócio da cervejaria Kessbier, de Nova Mutum (MT). Ele comentava sobre o financiamento coletivo da cervejaria gaúcha Implicantes, fundada e gerenciada por negros.

“Foi uma expressão imatura de minha parte, em um momento muito, muito infeliz. No entanto, a frase dita estava dentro de um contexto de discussão maior e não considero que tenha sido racista”, disse Giorgi à reportagem.

O cervejeiro afirmou também que “poderia ter tido mais sensibilidade ao comentar o assunto e que foi totalmente infeliz”. “Me sinto na obrigação de me desculpar caso alguém tenha se ofendido, muito embora eu tenha feito a minha fala em um grupo fechado de discussão”, falou.

A reportagem entrou em contato com outros cervejeiros citados nesta reportagem. Eles não retornaram o contato. Após o contato, o advogado Daniel Ullrich. enviou uma nota afirmando que as mensagens são uma montagem. Ele não esclareceu qual cervejeiro é seu cliente.

Porém, a reportagem ouviu pessoas que integravam o grupo e garantem a veracidade das mensagens, que ainda podem ser visualizadas no WhatsApp por quem pertencia ao grupo.

“Tá todo mundo aqui no grupo pronto para ir em cana? Ninguém solta a mão de ninguém”, escreveu Douglas Merlo. A reportagem tentou contato com Merlo, mas não obteve retorno.

O profissional é um dos professores afastados pela Escola Superior de Cerveja e Malte (ESCM) enquanto a instituição analisa o caso no seu Conselho Superior. A escola Science of Beer afirmou que “não tem mais em seu corpo docente nenhum professor que tenha qualquer envolvimento com o grupo em que as mensagens circularam”.

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