Os pesquisadores, de diversas universidades públicas do Brasil, encontraram um fóssil de dinossauro com um parasita e portando uma doença chamada osteomielite, que afeta animais e humanos até os dias atuais. O estudo, publicado nesta segunda-feira, 19, fala sobre um titanossauro (espécie de pescoços mais longos) encontrado no sudeste do país.

O caso da osteomielite do dinossauro era tão grave que, segundo os pesquisadores, seu corpo era coberto por feridas e seus ossos por caroços — o que causou uma dor intensa para ele. Foi por isso que o animal foi apelidado de “dinossauro zumbi”. A análise óssea também mostrou que ele era idoso no momento de sua morte.

Os cientistas também encontraram dezenas de parasitas nos canais vasculares do espécime, que podem ter entrado no corpo do dinossauro por conta das feridas abertas causadas pela osteomielite.

“Não foi possível determinar se a doença óssea foi causada pelos parasitas ou se os parasitas aproveitaram a situação para infectar o dino. Continuamos estudando os fósseis encontrados e novos resultados devem ser publicados em breve”, afirmou a cientista Aline M. Ghilardi, uma das autoras do estudo, em seu perfil no Twitter. A descoberta pode ser o registro mais recente de uma doença óssea infecciosa associada a parasitas.

Foto: Science Direct/Reprodução
Foto: Science Direct/Reprodução

Como foi a descoberta?

Em 2017, Ghilardi, durante seu pós-doutorado, analisou um osso da perna de um dinossauro saurópode que era um pouco diferente dos demais. Em vez de liso, ele era totalmente coberto por caroços rochosos — o que poderia indicar um câncer ósseo. Em agosto deste ano, um grupo de pesquisadores identificou um caso avançado de osteossarcoma, tipo de câncer que começa nas células formadoras dos ossos e é mais comum em adolescentes e jovens adultos, em um osso deformado de um Centrosaurus.

Para entender melhor o desenvolvimento das doenças, o grupo de cientistas decidiu fazer uma tomografia computadorizada no fóssil. Em um vídeo publicado no YouTube, Tito Aureliano, que também participou da pesquisa, afirma que os resultados do exame mostraram que a doença se estendia desde as camadas internas do osso até a parte externa. “Considerando como essa doença age nos dias atuais, esse dinossauro deve ter sofrido muito até atingir o estado grave que observamos, com essa formação de caroços e feridas abertas, expelindo pus pelas pernas, braços e corpo. O aspecto geral lembraria muito um dino-zumbi”, afirmou Aureliano.

O “dino-zumbi” também trouxe uma nova perspectiva sobre a doença e pode ajudar os quadros contemporâneos. “A descrição detalhada da doença trouxe importantes contribuições não só sobre as mazelas que atingiam animais no passado, mas também para a medicina moderna. A melhor compreensão da doença pode contribuir para tratamentos mais eficazes”, afirmou Ghilardi também em seu perfil no Twitter.

Créditos: Exame

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