Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) mensuraram os efeitos da perda de vegetação e das mudanças climáticas globais na Amazônia. O estudo revelou que o desmatamento responde por cerca de 74,5% da redução de chuvas e 16,5% do aumento da temperatura do bioma durante os meses de seca.

Publicado na última edição da Nature Communications, o trabalho visa apoiar estratégias de preservação e mitigação de impactos ambientais. Segundo a FAPESP, os cientistas analisaram dados de cobertura da terra, mudanças atmosféricas e variáveis ambientais de aproximadamente 2,6 milhões de km² da Amazônia Legal ao longo de 35 anos. Por meio de modelos estatísticos, eles separaram os efeitos da perda florestal das mudanças climáticas globais sobre temperatura, precipitação e emissão de gases de efeito estufa.

As chuvas caíram em média 21 mm por ano na estação seca, sendo 15,8 mm atribuídos diretamente ao desmatamento. Já a temperatura máxima subiu cerca de 2 °C, com 16,5% desse aumento ligado à perda de vegetação. O estudo também indica que os impactos do desmatamento são mais intensos nos estágios iniciais: as maiores alterações no clima local ocorrem quando 10% a 40% da cobertura florestal é perdida.

“Os efeitos sobre temperatura e precipitação são muito mais significativos nas primeiras porcentagens de desmatamento. Isso deixa claro a necessidade de preservar a floresta. Qualquer exploração deve ser sustentável, e não transformar a Amazônia em pastagem ou outros usos”, afirmou Marco Aurélio Franco, professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP.

Preservação da Amazônia é prioridade na COP30

A 30ª edição da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) ocorrerá em Belém, no Pará, em novembro deste ano. A escolha da cidade reafirma o compromisso internacional com a preservação da Amazônia, que concentra grande parte da vegetação do país.

Autoridades brasileiras e internacionais destacam a floresta como essencial no combate ao aquecimento global e às mudanças ambientais. A candidatura do Brasil para sediar a COP30 é vista como demonstração de compromisso climático, assim como a apresentação das metas nacionais, alinhadas ao Acordo de Paris, que visa limitar o aumento da temperatura global a 1,5 °C.

O país se comprometeu a reduzir entre 59% e 67% das emissões de gases de efeito estufa até 2035, em relação aos níveis de 2005.

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