O dólar atingiu um novo recorde nominal nesta sexta-feira (29/11), disparando para R$ 6,11, em reação negativa do mercado às medidas fiscais anunciadas pelo governo, que incluem cortes de gastos e alterações na isenção do Imposto de Renda. O pacote, que será enviado ao Congresso, visa reduzir R$ 70 bilhões em gastos públicos em 2025 e 2026, mas analistas duvidam da sua eficácia em equilibrar as contas, apontando que a elevação da faixa de isenção do IR enfraquece os efeitos positivos das medidas.
Na manhã de hoje, o dólar subia 0,85%, cotado a R$ 6,03, e atingiu a máxima de R$ 6,11. Na véspera, a moeda americana subiu 1,30%, fechando a R$ 5,989.
Para Paula Zogbi, gerente de Research da Nomad, o estresse do mercado é reflexo da perda de credibilidade nas medidas de contenção de despesas, já que a mudança no Imposto de Renda tende a reduzir a arrecadação e pode causar inflação. Ela também questiona se a compensação pela tributação de altas rendas será suficiente. A demora no anúncio das medidas já vinha gerando volatilidade, com investidores buscando proteção no dólar.
Zogbi destaca que a inclusão do Imposto de Renda no pacote pode ter dado a impressão de que o governo temerá uma perda de popularidade, tornando crucial o comprometimento do governo em agilizar a tramitação das medidas no Congresso para recuperar credibilidade. A especialista também aponta que a previsão de economia de R$ 70 bilhões pode não se concretizar, especialmente se algumas medidas demorarem a surtir efeito, o que poderia levar o dólar ainda mais acima de R$ 6.
O Ibovespa também refletiu os impactos do anúncio, caindo 0,13% para 124.449 pontos por volta das 11h. As perdas foram atenuadas pelas altas nas ações da Vale (1,67%) e Petrobras (ações PN subindo 0,29% e ações ON avançando 0,84%).
As taxas de juros futuros também dispararam, com aumentos superiores a 60 pontos-base nas taxas de vencimento de médio a longo prazo. Por volta das 10h25, a taxa do DI para janeiro de 2026 subiu de 13,84% para 14,185%, enquanto o DI de janeiro de 2027 foi de 13,945% para 14,435%.
