Brasil – A campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao seu terceiro mandato como presidente do Brasil começou oficialmente na tarde desta terça-feira (16) da mesma maneira como havia começado sua vida política nos longínquos anos 70: falando aos trabalhadores na porta da fábrica da Volkswagen em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista.

Antes de Lula, também falaram Fernando Haddad (PT) e Márcio França (PSB), que compõem a chapa de Lula como candidatos ao governo de São Paulo e ao Senado, além da presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, e representantes dos metalúrgicos da fábrica visitada. Quando anunciada a fala do ex-presidente, foi possível ouvir os gritos e vibração dos presentes. “Nos braços do povo”, conforme foi anunciado, Lula começou seu discurso explicando a razão pela qual decidiu iniciar sua campanha ali, tal qual iniciou sua vida política.

“Eu devo praticamente tudo o que eu vivi na vida e aprendi na política a essa categoria extraordinária chamada ‘Metalúrgicos do ABC’. Venho na porta da Volkswagen desde 1969, época que com certeza a maioria de vocês não tinha nem nascido. Naquele tempo a Volkswagen tinha 40 mil trabalhadores e um coronel do exército cuidando da segurança da fábrica que, quando tentávamos parar o caminhão de som na porta, eles punham correntes para não entrarmos e a gente entrava de marcha ré, quebrando as correntes para fazer as assembleias dos trabalhadores. Foi na porta das fábricas que pudemos fazer com que a classe trabalhadora se politizasse e fosse para as ruas protagonizar as greves de 78, 79 e 80 para que pudéssemos então derrubar o regime militar e conquistar a democracia. Não foi uma luta fácil”, recordou Lula.

O ex-presidente seguiu seu discurso relembrando de importantes lutas da categoria, da forma como essas lutas o formaram enquanto personalidade e liderança política, além de explicar que teria sido justamente por isso que escolheu iniciar a campanha na porta da fábrica. Lula recordou que em 2003, naquela mesma fábrica havia 13857 trabalhadores, e que em 2012 chegou a cifra de 14164 trabalhadores. “Passados 10 anos, em 2022, só existem hoje pouco menos de 8 mil. Para onde foram todos esses trabalhadores? Foram pra outro emprego? Tiveram sorte na vida ou acabaram em alguma sarjeta dessa cidade porque esse governo não se importa com os trabalhadores?”, questionou o candidato petista e líder nas pesquisas de intenção de votos.

Lula ainda recordou os índices de produtividade da fábrica que em 2010 produzia cerca de 330 mil carros por ano e atualmente produz menos da metade, 141 mil. Para o candidato, esses números se traduzem em desemprego, salários piores e mostram que a situação econômica e produtiva do país está péssima, uma vez que não são apenas os dados de produção que caíram pela metade entre 2010/12 e 2022, como também os dados de consumo. A verificação vem através do número de licenciamentos anuais de carros que também caíram pela metade no período, de 3 milhões de automóveis em 2012 para 1,5 milhão em 2021.

“Nós vamos ganhar as eleições!”

Sobre as eleições do próximo dia dois de outubro, o candidato petista e ex-presidente demonstrou confiança. “Nós vamos ganhar as eleições porque esse país precisa de nós”, declarou, para na sequência fazer duras críticas a condução do país pelo atual governo.

“Não é possível o terceiro produtor de alimentos do mundo ter 33 milhões de pessoas passando fome. Somos o maior produtor de proteína animal do mundo. Não justifica uma mulher ficar na fila do osso no açougue. Não justifica uma criança ir dormir sem tomar um leite. Vamos ganhar para que esse país seja novamente respeitado”, afirmou Lula.

Lula também relembrou as recentes falas demagógicas do atual presidente Jair Bolsonaro (PL) em relação a politização da religiosidade evangélica que acompanhamos através das suas falas, sobretudo aquelas que comparam Lula e Janja a demônios ou outras figuras negativas do ponto de vista religioso. Para Lula, o Brasil não pode ter um presidente que “mente sete vezes por dia” e relembrou que tinha ótimas relações com os evangélicos durante seu mandato. Lula classificou Bolsonaro como um “fariseu” que está tentando manipular a boa fé de homens e mulheres cristãos quando tenta demonizá-lo diante dessas pessoas.

“Os trabalhadores e trabalhadoras da Volkswagen querem dizer a você presidente fajuto, presidente genocida, que não queremos um governo que distribua armas, queremos um governo que distribua livros. Não queremos um governo que alimente o ódio, mas o amor. Não queremos um governo que semeie o ódio. Você, presidente, não derramou nenhuma lágrima para as mais de 600 mil vítimas da Covid, nunca se preocupou em saber quantas crianças estão órfãs devido ao teu negacionismo. Não acreditou na ciência, nem nos médicos, nem em ninguém, só nas próprias mentiras. Se tem alguém possuído pelo demônio aqui, é o Bolsonaro”, disse Lula tirando mais gritos dos presentes, em especial os de “Fora Bolsonaro”.

Antes de finalizar seu discurso e partir para Brasília de avião onde acompanha nesta tarde a possa do ministro Alexandre de Moraes como presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Lula relembrou os gastos de Bolsonaro meses antes das eleições. “Fui favorável ao auxilio emergencial. Se você conhece alguém que tá recebendo um dinheiro agora, mande ele pegar e usar. Porque se ele não pegar, é capaz do Bolsonaro tomar esse dinheiro dele”.

Via: Revista Fórum

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