Brasil – Na manhã desta segunda-feira (25), a primeira-dama Rosângela “Janja” Lula da Silva participou de um encontro com mulheres evangélicas em Ceilândia, no Distrito Federal. Realizado na igreja Coletivação, o evento foi organizado pela Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito e integra uma série de reuniões semelhantes já ocorridas em Salvador, Rio de Janeiro e Manaus. O objetivo é criar espaços de diálogo sobre fé, cidadania e políticas públicas.

Segundo o Censo 2022 do IBGE, os evangélicos representam 26,9% da população brasileira. Dentre eles, 55,4% são mulheres e 61,1% se identificam como pretos ou pardos. Apesar dessa predominância, a presença feminina nem sempre se traduz em cargos formais de liderança.

A coordenadora da Frente, Nilza Valeria, buscou destacar o papel da base. “Podem até nos considerar irrelevantes do ponto de vista midiático ou financeiro, mas é impossível negar que somos a maioria que sustenta as igrejas evangélicas no Brasil”, disse.

Ela lembrou que muitas dessas fiéis “enfrentam jornadas exaustivas, cuidam dos filhos e ainda mantêm viva a chama da fé em suas comunidades”. Segundo Valeria, são elas que “zelam pelos templos, lideram os círculos de oração, seguram a rede de solidariedade nas periferias e garantem que a igreja seja casa de acolhimento e esperança”.

“Somos o esteio do evangelicalismo brasileiro, ainda que não ocupemos os púlpitos mais iluminados, porque carregamos nos ombros a fé, o cuidado e a vida cotidiana de nossas igrejas”, concluiu.

Críticas de Malafaia

O encontro, no entanto, foi alvo de críticas do pastor e empresário Silas Malafaia, além da cúpula bolsonarista. Em entrevista ao Metrópoles, ele afirmou: “Eu dou risada desses encontros de Janja. Tudo arrumado com gente que não tem nenhum pingo de expressão no mundo evangélico, nenhuma mulher de expressão no mundo evangélico. Eu conheço quem é quem no mundo evangélico. Não tem uma, uma de centenas de mulheres de expressão do mundo evangélico.”

A declaração foi interpretada como uma desqualificação da representatividade das mulheres presentes. No contraponto, os dados do IBGE e a fala de Nilza reforçam que a maioria dos evangélicos no país é formada exatamente por esse perfil, o de mulheres, em grande parte negras e trabalhadoras.

Sem responder diretamente as falas de Malafaia, Valeria reafirmou o propósito das reuniões. “A disposição da primeira-dama em ouvir como as mulheres evangélicas manifestam a crença em Cristo, o acolhimento e o cuidado com os que precisam de socorro é a disposição de quem sabe que o diálogo é fundamental para falarmos de direitos e cidadania.”

O ministro Jorge Messias, da Advocacia-Geral da União, também se manifestou sobre o tema. “Todos nós vamos prestar contas a Deus. Só Deus é quem sabe quem é quem de verdade no mundo evangélico”, disse, também em entrevista ao Metrópoles.

*Marcelo Santos é jornalista e escritor, cobrindo religião, em especial o segmento evangélico, e política, com foco em cidadania e direitos humanos.

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