Os preços de bens e serviços no Brasil subiram 1,31% em fevereiro, a maior taxa para o mês em 21 anos. O índice representa um avanço de 1,15 ponto percentual em relação a janeiro (0,16%). Com isso, a inflação acumulada em 12 meses chega a 5,06%, superando o teto da meta de 4,50% para o ano.
O resultado estava dentro das expectativas do mercado financeiro. Projeções da Warren Investimentos e do relatório Focus apontavam uma variação entre 1,28% e 1,35%.
Energia elétrica impulsiona a inflação
A principal responsável pela disparada da inflação foi a alta de 16,80% na energia elétrica residencial, que teve impacto de 0,56 ponto percentual no índice geral. O aumento ocorreu devido ao fim do Bônus de Itaipu, que havia reduzido as tarifas em janeiro.
O grupo Habitação, que havia registrado queda de -3,08% no início do ano, saltou para 4,44% em fevereiro, representando o maior impacto inflacionário do mês (0,65 p.p.). Além da energia, a taxa de água e esgoto também subiu 0,14% após reajustes em alguns estados.
Educação e alimentação pesam no bolso
Os reajustes das mensalidades escolares com o início do ano letivo levaram o grupo Educação a uma alta de 4,70%, com impacto de 0,28 p.p. Os aumentos mais expressivos foram no ensino fundamental (7,51%), ensino médio (7,27%) e pré-escola (7,02%).
Já os preços de Alimentação e bebidas subiram pelo sexto mês consecutivo, avançando 0,70%. No domicílio, os destaques foram as altas do ovo de galinha (15,39%) e do café moído (10,77%), impulsionadas pela menor oferta e pelo aumento da demanda. Em contrapartida, itens como batata-inglesa (-4,10%), arroz (-1,61%) e leite longa vida (-1,04%) tiveram queda.
A alimentação fora de casa desacelerou, com o lanche subindo 0,66% e a refeição 0,29%, abaixo das variações de janeiro (0,94% e 0,58%, respectivamente).
Transportes e combustíveis
O grupo Transportes teve alta de 0,61%, puxado pelo aumento dos combustíveis (2,89%), com destaque para o óleo diesel (4,35%), etanol (3,62%) e gasolina (2,78%). Apenas o gás veicular apresentou queda (-0,52%).
INPC e projeções para a inflação
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação para famílias com renda entre 1 e 5 salários mínimos, subiu 1,48% em fevereiro, maior alta para o mês desde 2003. No acumulado de 12 meses, o índice registra 4,87%.
O mercado financeiro revisou para cima a projeção de inflação para 2025, passando de 5,65% para 5,68%, segundo o relatório Focus. Para os anos seguintes, as expectativas são:
- 2026: 4,40%
- 2027: 4,00%
- 2028: 3,78%
Com isso, a inflação segue acima das metas estipuladas pelo Banco Central, reforçando os desafios para a política monetária nos próximos meses.
