Alguns políticos e empresários do Amazonas ainda esperam pela conversão do ministro da Economia, Paulo Guedes, a respeito da Zona Franca de Manaus. Aqui o termo conversão significa uma mudança de postura em relação ao modelo de incentivo fiscal às indústrias aqui instaladas.

Paulo Guedes é comparável a Saulo, o tecelão romano que perseguia os cristãos e que, por um milagre, foi convertido ao cristianismo e deu importante contribuição à disseminação da mensagem do Evangelho. Mas essa comparação é apenas a Saulo, não a Paulo, como ele passou a ser chamado depois do batismo cristão.

Paulo Guedes não esconde o desconforto de ter que manter as vantagens competitivas das indústrias instaladas no Polo Industrial de Manaus. Desde antes da eleição de Jair Bolsonaro a presidente da República, Guedes já questionava o modelo.

Para ele, a Zona Franca de Manaus emperra o modelo de economia que ele defende, o liberalismo econômico, com a mínima interferência do Estado no mercado, e com o próprio mercado ditando as regras do jogo.

O episódio recente da redução do IPI em 25% sem levar em conta os produtos fabricados em Manaus é apenas mais um ataque desferido pelo Ministério da Economia sobre as cabeças dos amazonenses.

Quem acompanha a novela “Governo Bolsonaro e a ZFM” sabe que em todas as vezes que o modelo Zona Franca de Manaus sofreu qualquer abalo diante de medidas adotadas pelo Ministério da Economia, Guedes fez o mesmo discurso, e alguns recuos, mas nunca recuou totalmente. Dessa forma, vêm imprimindo sua marca sobre o modelo.

As promessas nunca cumpridas fazem parte da estratégia de Paulo Guedes. Ele anuncia a bordoada e espera que os amazonenses corram para cima dele. Ele recebe, promete que nunca mais vai cometer o mesmo pecado, mas sequer pede perdão.

E todos esperam que desta vez ele se converta e passe a tratar a Zona Franca com o diferencial que a realidade regional exige. Nada muda.

Na sexta-feira passada, Paulo Guedes, no Nordeste, prometeu que o governo vai reduzir ainda mais a alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados para 35%. Fez isso duas semanas depois de prometer corrigir o decreto que reduziu o IPI em 25% para tirar da lista produtos fabricados em Manaus.

A promessa até aqui não foi cumprida. Nenhuma explicação foi dada. Todos aguardam um desfecho de uma coisa que não tinha nada de complicado.

O Ministério da Economia e a Suframa sabem quais produtos têm aprovado o PPB (Processo Produtivo Básico). Simples seria listá-los e inclui-los em um decreto com o texto elementar anunciando que o IPI reduzido não se aplicaria àqueles produtos.

Guedes é Paulo, mas age como Saulo, perseguindo a Zona Franca de Manaus e pondo em risco o emprego de milhares de pessoas que vivem nesse pedaço da Amazônia brasileira.

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