O secretário da Saúde de Santa Catarina, André Motta, admitiu que o estado está enfrentando um colapso na saúde por causa do coronavírus. Na quarta-feira (24), os hospitais atingiram a maior taxa de ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) geral e Covid-19 do Sistema Único de Saúde (SUS) em toda a pandemia: 91,18%.

No início da tarde desta quinta (25), 83 pacientes aguardavam por leitos de UTI, segundo dados internos da Secretaria de Estado da Saúde (SES) aos quais o G1 teve acesso.

O governo de Santa Catarina publicou na noite desta quarta um decreto com novas restrições em no estado válidas por 15 dias. Em mensagem enviada aos prefeitos catarinenses, Motta pediu medidas mais restritivas para diminuir a circulação de pessoas.

“Preciso informar a todos que a situação da pandemia deteriorou no Estado todo e, a exemplo do que acontece nas regiões mais a Oeste, estamos entrando em colapso! Todos os esforços de Estado e municípios, até então, são insuficientes em face à brutalidade da doença. Infelizmente, percebesse fenômeno similar no resto do país, disse o secretário de Saúde.

Desde março, ao menos 652,8 mil pessoas tiveram diagnóstico positivo para Covid-19, e 7,1 mil morreram. Na terça-feira (23), o governo estadual encaminhou pedido de apoio ao Ministério da Saúde por causa da possibilidade de faltar remédios de “kit intubação”. Os estoques são insuficientes em muitos hospitais.

Hospital Regional São Paulo (HRSP), em Xanxerê, no Oeste de Santa Catarina — Foto: Ana Lucietto/Divulgação/HRSP

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Fila de espera por UTIs

MP e TCE monitoram mortes por Covid-19, contratações e situação dos hospitais em SC

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Em Santa Catarina, pacientes com Covid-19 têm esperado por vagas em unidades de saúde. Além dos 83 pacientes apontados nos dados internos da Secretaria, pode haver mais pessoas aguardando, pois são enviados somente pedidos de internação de pacientes com condição de transporte para longas distâncias no caso das transferências.

Doentes internados em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) não entram na fila, por exemplo, já que precisam passar por um hospital para estabilização antes de entrarem na contabilização estadual.

Em ofício enviado ao Governo, o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) pediu que a Secretaria da Saúde informe quantas pessoas esperam por leitos de UTI e de quais cidades elas são.

Com o gargalo, o governo do estado estuda protocolos para desocupar o mais rápido possível os leitos e aumentar a rotatividade entre os pacientes. Durante audiência pública na Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa (Alesc) nesta quarta, o superintendente de regulação em Santa Catarina, Ramon Tartari, falou sobre a mudança de protocolos:

“O consumo de leitos é absurdo e os pacientes são graves, de forma que já iniciamos as discussões sobre protocolos e critérios para admitir pacientes em UTI e protocolos de triagem reversa, que é a retirada do paciente de UTI o mais precoce possível para dar maior giro e aceitar pacientes nas UTIs”.

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