Familiares da atual e da ex-companheira do irmão de Djidja Cardoso prestaram depoimento na investigação sobre a morte da influenciadora amazonense.

Os relatos apontam para o impacto devastador da ketamina, ou cetamina, no corpo das mulheres envolvidas com a seita “Pai, mãe, vida”, fundada e administrada por familiares de Djidja, uma figura importante do Festival de Parintins.

O ponto central das investigações é Ademar Farias Cardoso Neto, irmão de Djidja, que deve responder por crimes como perigo para a vida ou saúde de outrem, aborto provocado sem consentimento da gestante, estupro de vulnerável, sequestro e cárcere privado, e maus tratos a animais. Ademar já tinha sido investigado por falsificação e corrupção.

Uma ex-namorada de Ademar, que viajou com ele para Londres, onde começou a usar a substância, relatou abusos físicos e psicológicos. Ela contou que Ademar “injetava muita droga” nela até que “perdesse os sentidos” e mantinha relações sexuais sem seu consentimento, levando-a a sofrer um aborto. Ela foi resgatada pela mãe e pela avó, pesando 20 quilos a menos, “ensanguentada” e “totalmente despida”.

A avó da ex-namorada também prestou depoimento, relatando que a neta estava “só pele e osso” antes do resgate, com “as veias dos braços muito inchadas”, necessitando de um ano de tratamento. No momento do depoimento, a neta estava limpa há um mês e em tratamento psicológico.

Os depoimentos são corroborados por vídeos mostrando mulheres debilitadas após o uso da substância, com alterações físicas e severo emagrecimento. A atual companheira de Ademar, com quem ele mantém uma união estável, também relatou ter usado ketamina durante a gravidez, resultando em infecções urinárias e sobrecarga no fígado e rins.

O pai dela relatou que a filha estava “com os braços todos marcados de tanto usar droga” e que o uso de ketamina a deixou “completamente aérea”, com dificuldade para se vestir ou caminhar, pesando 38kg e apresentando problemas nos rins, fígado, pâncreas e vesícula.

O médico intensivista Carlos Eduardo Pompilio explicou que a ketamina, apesar de ser uma droga com alto poder viciante, é utilizada de forma descuidada e perigosa como substância veterinária, com menos rigor do que para fins médicos.

Os advogados da família Cardoso alegam que não havia seita ou rituais e que a prisão ajudou a “salvar” a vida de Ademar e sua mãe, pois ambos estavam doentes devido ao vício em ketamina.

Artigo anteriorBases Fluviais causam danos de mais de R$ 121 milhões ao crime em cinco meses
Próximo artigoRoberto Cidade, pré-candidato à Prefeitura de Manaus, vai às zonas Oeste e Centro-Oeste firmar compromissos com a população