
O Instituto Lula, anteriormente alvo da Operação Lava Jato, está mobilizando uma extensa rede de militantes para promover mensagens pró-governo, influenciar digitalmente e disseminar desinformação nas redes sociais, segundo reportagem recente do jornal O Estado de São Paulo.
Durante a campanha presidencial de 2022, a entidade teria coordenado um grupo de aproximadamente 100 mil militantes, atuando principalmente via WhatsApp, para divulgar propaganda eleitoral em apoio a Lula e crítica ao então presidente Jair Bolsonaro. Mesmo após as eleições, o instituto continua mobilizando sua base nas redes sociais.
Conforme detalhado pelo Estadão, o Instituto Lula lançou o “programa de voluntários”, que incluía a interação com a campanha oficial de Lula em 2022, com a seleção de temas e estratégias. Externamente, esse projeto se manifestava em diversos grupos de WhatsApp como “Zap do Lula”, “Time Lula”, “Evangélicos com Lula” e “Caçadores de Fake News”.
Os interessados em participar desses grupos são direcionados através do site oficial de Lula, continuando a usar o WhatsApp como canal principal para distribuir informações, como por exemplo, posicionamentos do governo sobre crises, como as enchentes no Rio Grande do Sul.
A diretora do Instituto Lula, Ana Flávia Marques, responsável pela operacionalização do programa, explicou que se inspirou na estratégia de mobilização de movimentos como o bolsonarismo e a “ultra direita”. Segundo ela, a estratégia se baseia na organização em camadas, onde cada participante compartilha informações para um número maior de pessoas, aumentando assim a coesão das mensagens propagadas.
Atualmente, o Instituto Lula, segundo o Estadão, continua a coordenar essas iniciativas, organizando mutirões para denunciar postagens de perfis políticos de direita, sincronizando horários de publicação e criticando a imprensa por reportagens desfavoráveis ao governo.
Os grupos também são incentivados a visitar páginas de influenciadores de esquerda, como o canal Plantão Brasil de Thiago dos Reis, citado como um dos “canais sérios”. No entanto, Reis é conhecido por disseminar desinformação e sensacionalismo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros líderes de direita.
Em resposta ao Estadão, o ex-presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, negou que a instituição tenha se envolvido diretamente na campanha presidencial por ser “apartidário”, embora tenha admitido que simpatizantes do instituto tenham apoiado a candidatura do PT. Ele também indicou que os grupos de WhatsApp atualmente estão menos ativos, com a redução da motivação após o término da campanha eleitoral.
Ana Flávia Marques também destacou que não há uma ligação institucional entre a iniciativa dos voluntários e o Instituto Lula, afirmando que os grupos, chamados de “malhas”, estavam bem organizados durante a campanha, mas perderam coesão após o período eleitoral.
O Instituto Lula foi alvo de investigações durante a Operação Lava Jato, relacionadas a doações suspeitas de empreiteiras que supostamente seriam utilizadas para lavagem de dinheiro. Esses casos foram suspensos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) que decidiu pela inutilização das provas obtidas pela Lava Jato.


