AMAZONAS – A greve dos professores do Amazonas tem revelado que forças políticas podem se valer de causas justas para atender seus interesses particulares.

Na última sexta-feira (2), em assembleia do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado do Amazonas (Sinteam), que encabeça o movimento grevista, a presidente da entidade Ana Cristina Rodrigues afirmou que “a justiça não está do nosso lado”.

A fala é problemática por diversos aspectos que merecem atenção. Primeiro, ao dizer que a justiça não está do lado do Sinteam, subentende-se que a justiça está do outro lado, que é o Governo do Amazonas. Isso significa dizer que a justiça está sendo parcial, o que fere gravemente o princípio maior do Poder Judiciário que é a imparcialidade.

Outro ponto que chama atenção é que tal fala coaduna um discurso extremista que tem colocado em cheque as instituições e poderes da República do Brasil, das quais a Justiça tem sido um dos alvos mais frequentes.

Por fim, tal afirmação mostra que o Sinteam tem enviesado o movimento grevista para a tensão, e não para a conciliação, que é o que se espera ao fim de uma greve.

Proposta inexistente

Cabe ainda ressaltar que o Sinteam submeteu aos seus sindicalizados uma proposta de reajuste salarial de 15,19%, atribuindo essa proposta ao Governo do Estado, o que não é a realidade.

Ou seja, aparentemente o Sinteam já de forma prévia aprovou uma “proposta” que não será cumprida com o intuito de estender a greve e “queimar o filme” do Governo. E agora não só deste, mas também da Justiça amazonense.

Causa justa

Para concluir, é fato que a educação merece cada vez mais investimentos. Que os professores merecem salários dignos, condições de trabalho saudáveis e valorização profissional. Toda a sociedade apoia isso.

Só que é importante refletir: é certo se apropriar de uma causa tão justa para fazer politicagem? É correto prejudicar o ano letivo de milhares de alunos e usar uma categoria profissional tão importante para atender os anseios de quem está por trás dos sindicatos?

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