
Manaus – O transporte público de Manaus amanheceu totalmente paralisado nesta quinta-feira (11) após rodoviários decidirem cruzar os braços em protesto contra o atraso no pagamento dos salários referentes ao mês de agosto. A paralisação, que começou de forma parcial pela manhã, ganhou força ao longo do dia e atingiu 100% da frota.
De acordo com os trabalhadores, os salários deveriam ter sido depositados na segunda-feira (8), quinto dia útil do mês, mas até esta quinta-feira não haviam sido pagos. O vice-presidente do Sindicato dos Rodoviários, Josenildo Mossoró, afirmou que a categoria manterá a greve até que haja uma definição concreta sobre os pagamentos.
Troca de acusações
Em nota, o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Amazonas (Sinetram) responsabilizou o Governo do Estado pela demora na liberação de verbas referentes ao custeio do transporte de estudantes da rede estadual. A entidade afirmou que os valores estavam depositados judicialmente e só foram devolvidos ao Estado nesta quinta-feira, o que teria impedido a quitação da folha salarial.
Já o Governo do Amazonas negou qualquer responsabilidade pela paralisação. Segundo o Executivo estadual, a obrigação de pagar salários é das empresas concessionárias, sob responsabilidade da Prefeitura de Manaus. O Estado reforçou que sua participação é limitada ao financiamento do Passe Estudantil e que os atrasos ocorreram devido a entraves burocráticos do próprio Sinetram e da gestão municipal.
“O atraso na resolução da questão só pode ser atribuído à desorganização do Sinetram e da Prefeitura de Manaus, que informaram contas bancárias distintas para o repasse e não apresentaram certidões negativas necessárias ao processo de liquidação da despesa”, destacou o governo em comunicado oficial.
Sistema em crise
O transporte coletivo da capital amazonense enfrenta crise financeira há anos. Em 2024, o sistema custou R$ 926 milhões, mas arrecadou apenas R$ 404,7 milhões com tarifas, exigindo aportes de R$ 521,3 milhões da Prefeitura para manter a operação. Neste ano, o Tribunal de Contas do Estado (TCE-AM) recomendou que o Governo do Amazonas não renovasse convênio com a Prefeitura, mantendo apenas o subsídio ao Passe Estudantil.
Enquanto Sinetram e Prefeitura não encontram uma solução, milhares de usuários do transporte coletivo continuam sem ônibus circulando pelas ruas de Manaus.