O grupo G9, que reúne representantes de povos originários dos nove países amazônicos, foi criado na Conferência de Biodiversidade das Nações Unidas (COP16) para promover demandas de preservação ambiental e direitos indígenas. Em preparação para a COP29, que acontecerá em Baku, Azerbaijão, de 11 a 22 de novembro, o G9 solicita que o relatório final do evento inclua a demarcação de terras indígenas como estratégia de mitigação das mudanças climáticas.

A titulação de terras e a criação de programas transfronteiriços foram destacados por Toya Manchineri, coordenador da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) e membro do Comitê Indígena de Mudanças Climáticas (CIMC). Manchineri, pertencente ao povo manchineri do Acre, explica que o G9 busca consolidar a voz indígena sobre o clima e enfrentar os desafios de fronteiras na Amazônia, onde crimes ambientais se beneficiam da falta de controle interfronteiriço.

Em reunião com representantes da Alemanha, Noruega e Dinamarca, o G9 abordou a criação de iniciativas conjuntas para coibir atividades ilegais em áreas sensíveis, como o Vale do Javari, palco de conflitos pela exploração de recursos e do tráfico de drogas.

Manchineri ainda destacou que, embora a formação do G9 tenha começado há um ano, as demarcações seguem em estágios distintos entre os países membros. No Suriname, por exemplo, onde a independência veio apenas em 1975, a constituição ainda não garante direitos territoriais aos povos indígenas, que representam 2% da população.

Em apoio à COP30, marcada para ocorrer no Brasil, organizações indígenas, incluindo a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e a Coiab, divulgaram a carta “A resposta somos nós”. Nela, defendem a copresidência do evento, exigindo maior poder de decisão, especialmente sobre projetos de exploração predatória na Amazônia.

O Greenpeace Brasil também elencou temas prioritários para a COP29, como a criação de um Novo Objetivo Coletivo Quantificado sobre Financiamento Climático para países em desenvolvimento, a triplicação das fontes de energia renovável até 2030 e uma taxação mais rigorosa para poluidores. Segundo a entidade, é fundamental garantir um financiamento de US$ 1 trilhão para viabilizar as metas do Acordo de Paris.

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