Documentos apreendidos pela Polícia Federal (PF) na primeira fase da operação Sem Desconto, deflagrada em abril, indicam a presença do nome de Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, filho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em anotações relacionadas a credenciais para um camarote em um show realizado em Brasília.
O nome aparece registrado como “Fábio (filho Lula)” em uma agenda recolhida durante a investigação, que apura um esquema de fraudes no INSS, envolvendo desvio de recursos de aposentados.
A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que autorizou uma nova etapa da operação, na última quinta-feira (18), também menciona diálogos entre Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS, e a empresária e lobista Roberta Luchsinger, apontada como pessoa próxima de Lulinha.
Em mensagens trocadas poucos dias após a deflagração da operação, Roberta demonstra preocupação com a apreensão de um envelope que faria referência a “nosso amigo”, expressão que, segundo os investigadores, estaria ligada a ingressos para um evento em Brasília. O conteúdo detalhado do material, no entanto, não foi especificado na decisão judicial.
Outros documentos analisados pela investigação revelam anotações com dados pessoais de Lulinha, menções a hospedagem em condomínio de alto padrão e orientações para reduzir informações registradas. As conversas também indicam tentativas de ocultação de provas, incluindo o descarte de telefones celulares.
De acordo com a Polícia Federal, Roberta teve participação relevante nos negócios ilícitos atribuídos ao Careca do INSS, incluindo estratégias para ocultar recursos obtidos com fraudes contra aposentados. As apurações apontam indícios de tráfico de influência e sugerem proximidade entre a empresária e o filho do presidente, como registros de viagens realizadas em conjunto.
CPMI DO INSS
O relator da CPMI do INSS, Alfredo Gaspar (União Brasil-AL), protocolou, na sexta-feira (19), novo requerimento pedindo a convocação de Lulinha para prestar depoimento. No início do mês, um pedido semelhante foi rejeitado após articulação da base governista para garantir maioria no colegiado.
Também foi apresentado requerimento solicitando a convocação de Roberta Luchsinger para prestar esclarecimentos à comissão.
