Quem mora em Manaus, sabe que existem diversas agências de turismo que oferecem passeios de barco pelo Rio Negro, Encontro das águas, visita à aldeia indígena, nado com os botos e até fotos com animais selvagens. 

A National Geographic publicou uma reportagem especial de uma investigação exclusiva onde mostra o sofrimento desses animais com as ‘selfies sáfaris’ quando são oferecidos para os turistas em cidades como Manaus e Puerto Alegria, no Peru.

A investigação iniciou em setembro de 2016, durante seis meses, os pesquisadores da ONG sem fins lucrativos World Animal Protection (WAP), do Reino Unido, acompanharam o turismo animal em Manaus e Puerto Alegria. Um relatório foi publicado no jornal online Nature Conservation. 

Em ambas cidades, os cientistas observaram gente maltratando e colocando em risco a saúde e o bem-estar de animais. Pessoas foram vistas apertando cobras pelo pescoço e fechando a boca de jacarés com tiras de borracha. Em Puerto Alegría, encontraram o réptil preso em uma geladeira quebrada, um peixe-boi morrendo em uma piscina infantil e um residente batendo na cara de um tamanduá.

Os efeitos nas preguiças são particularmente graves. Esses dóceis e delicados animais dormem 22 horas por dia na selva e o estresse causado pelas repetidas vezes em que são segurados por turistas agitados pode ser muito prejudicial, afirma o biólogo Neil D’Cruze, chefe de políticas da WAP.

As leis brasileiras e colombianas são claras: é ilegal remover qualquer animal da natureza para manter como animal de estimação ou possuir animal selvagem sem licença. No Peru, é ilegal ganhar dinheiro com animais selvagens cativos. Mas as leis nem sempre são aplicadas, especialmente no lado peruano do rio. A população de Puerto Alegría, por exemplo, mantém animais selvagens em cativeiro e esse fato não costuma ser alvo das autoridades reguladoras da vida selvagem.

A Corpoamazonia, agência governamental colombiana na cidade de Leticia, responsável pela proteção ambiental, está ciente da exploração de animais selvagens em toda a fronteira peruana em Puerto Alegría, diz Yamile Silva. Administradora da divisão Amazonas da Corpoamazonia, ela acredita que alguns dos animais são trazidos para o Peru pela Colômbia. “O rio facilita o tráfico”, porque praticamente não há controles nas Três Fronteiras. Mas a agência colombiana não pode intervir, mesmo que os turistas venham principalmente da Colômbia, porque Puerto Alegría fica no Peru.

Leia a reportagem especial aqui

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