Sem qualquer embasamento legal para levar adiante o pedido de impeachment duplo, do governador do Amazonas e do vice, Wilson Lima e Carlos Almeida, algo inédito em democracias no mundo, o presidente da Assembleia Legislativa (ALE-AM), deputado Josué Neto (PRTB), agora quer mudar o sistema de transmissão das sessões virtuais. Com a mudança, ele controlará os demais deputados, além de vigiar os colegas com acesso a áudios e vídeos privados.

O argumento de Josué Neto para mudar o sistema é evitar vários deputados falando ao mesmo tempo. Essa “organização”, na verdade, impedirá o debate, a livre manifestação do parlamentar, independente da sua ordem de inscrição para discursar. Mas o mais grave é que o novo programa permitirá ao presidente da Assembleia acessar os microfones e as câmeras dos computadores dos parlamentares mesmo com esses dispositivos “desligados”.

Nas duas últimas sessões, Josué Neto foi pressionado a não presidir o processo de impeachment, justamente porque ele é o beneficiário direto. Caso fosse possível juridicamente, o afastamento de Wilson Lima e Carlos Almeida juntos promoveria o deputado do PRTB a governador do Amazonas para um mandato tampão, sem que ele tenha tido um único voto da população para o cargo.

Requerimento do deputado Saullo Vianna (PTB) pede o afastamento imediato de Josué Neto. Pelo Regimento Interno da Assembleia, o documento deve ser votado antes da formação da comissão que analisará o pedido de impeachment dos governantes. Ao invés disso, o presidente da ALE-AM buscou subterfúgios no Regimento da Casa por saber que no voto perderia e seria afastado, como defende Saullo Vianna. E agora, sem alternativas, quer controlar o discurso de cada deputado com um novo sistema para as sessões virtuais da Casa legislativa.

Vale lembrar que o atual sistema que permite a realização das sessões da ALE-AM é operado pelo setor de informática do parlamento estadual, extremamente elogiado pelo próprio Josué Neto até semana passada. Essa tecnologia é a mesma que vem usado diversos órgãos colegiados, como o Tribunal de Contas do Estado (TCE-AM) e a Câmara dos Deputados.

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