
A edição do Linha de Passe, da ESPN, exibida na última segunda-feira (7), gerou atritos entre a emissora e a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) após críticas à gestão do presidente Ednaldo Rodrigues. Como consequência, seis profissionais do canal se reuniram com a direção da empresa e ficaram fora do ar na terça-feira (8).
O programa discutiu uma reportagem da revista Piauí, que revelou escândalos envolvendo a CBF, como um aumento de quase 200% nos salários de presidentes de federações e o gasto de R$ 3 milhões com um grupo de 49 pessoas sem ligação direta com a entidade durante a Copa do Mundo de 2022, no Catar.
Segundo apuração do Estadão, a ESPN classificou a situação como um “erro de processo”, já que a edição temática sobre a crise na CBF não foi previamente comunicada à alta cúpula da emissora, que tomou conhecimento apenas após ser questionada pela confederação.
A CBF teria sido alertada sobre o conteúdo por uma publicação do jornalista Gian Oddi na rede X, no domingo (6), antecipando que o programa trataria do tema. Procurada pela CBF na segunda-feira, a ESPN negou inicialmente que o episódio fosse dedicado à reportagem da Piauí.
Na terça (8), o editor-chefe Dimas Coppede, o apresentador William Tavares e os comentaristas Paulo Calçade, Pedro Ivo Almeida e Vitor Birner, além de Oddi, participaram de uma reunião com executivos da emissora, que apontaram falha na comunicação interna. Departamentos como marketing e comercial também não tinham sido informados sobre a pauta.
Apesar do episódio, não houve afastamento formal nem sanções trabalhistas. Os profissionais seguem escalados normalmente para o Linha de Passe e outras coberturas, como jogos da Copa Libertadores.
A ESPN e os jornalistas preferiram não comentar o caso. Já a CBF afirmou que a informação “não procede” e que “respeita a liberdade de imprensa com responsabilidade, sem interferir em linhas editoriais”. Classificou como “mentirosa e leviana” qualquer narrativa em sentido contrário.
Recentemente, a ESPN firmou contrato para transmissão da Série B do Campeonato Brasileiro até 2027, no valor de R$ 48 milhões anuais. Apesar da competição ser da CBF, a negociação foi conduzida por Libra e LFU, sem envolvimento direto da entidade.


