Brasil  – O canal Jovem Pan News, vinculado ao grupo que leva o mesmo nome, exibiu na noite desta terça-feira (12) o vídeo sem tarja ou desfoque com a paciente que é estuprada pelo anestesista Giovanni Bezerra. Dessa maneira, é possível ver claramente o rosto da mulher e o momento em que o médico coloca o pênis na boca dela.

Os movimentos feministas já haviam criticado o fato de o vídeo ter sido exibido mesmo com tarja, pois, trata-se de uma segunda violência à paciente, que é vítima de estupro enquanto está sedada ao parir a criança.

Vítima ainda não sabe que foi estuprada 

Segundo informações da delegada Bárbara Lomba, titular da Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam), de São João, a mulher que foi vítima de estupro por parte do anestesista ainda não sabe do crime.

De acordo com Lomba, a paciente está sendo acompanhada pela família e isolada do noticiário. “Estão aguardando ela ter condições psicológicas (para falar sobre o que aconteceu”, disse ao O Globo a delegada do caso.

Além disso, os investigadores também afirmaram que o marido da mulher, que deve prestar depoimento nesta quarta-feira (13), está muito abalado com o crime.

Mulheres do MTST protestam em frente ao Cremesp 

Mulheres do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), que compõem o coletivo Mulheres em Movimento, protestaram nesta quarta-feira (12) em frente ao Conselho Regional de Medicina (Cremesp) e também realizaram um escracho na porta da emissora Jovem Pan News, que expôs a identidade da mulher vítima do anestesista.

“É inadmissível que as mulheres não estejam seguras sequer na hora de dar à luz. Os Conselhos de Medicina não podem se omitir diante dessa tragédia e tem como dever cassar o registro desse estuprador”, diz Ediane Maria, coordenadora do movimento.

O grupo entregou ao Cremesp uma representação onde demanda ações do Conselho de Medicina contra a violência de gênero e obstétrica nos espaços de saúde. O grupo também exige a cassação permanente do registro profissional do médico Giovanni Bezerra.

Além disso, o coletivo Mulheres em Movimento irá protocolar nesta quarta-feira uma ação no Ministério Público Estadual pedindo investigação e punição à Jovem Pan por exposto ao rosto da vítima.

“A Jovem Pan é uma concessão pública e deve se pautar pela ética, ao invés de incentivar a violência; não podemos normalizar esse tipo de atitude que só degrada cada vez mais as mulheres em todo o país”, crítica Ediane Maria.

Anestesista que estuprou grávida é vaiado e xingado por presos ao chegar em Bangu 8

Giovanni Quintella Bezerra, anestesista filmado estuprando uma gestante durante o parto, gerou tensão entre os presos ao chegar, na noite desta terça-feira (12), ao presídio de Bangu 8, no Complexo de Gericinó, na Zona Oeste do Rio.

Assim que chegou ao local, por volta das 21h15, de acordo com a TV Globo, detentos começaram a sacudir as grades, vaiar e xingar o anestesista, como forma de protesto.

Quintella foi enviado para o local por ser a cadeia que recebe presos com curso superior, mas ainda assim ficará em uma cela sozinho.

Prisão preventiva

O anestesista teve sua prisão convertida de flagrante para preventiva nesta terça-feira (12).

Ele passou por audiência de custódia realizada na cadeia pública José Frederico Marques, em Benfica, na Zona Norte do Rio, para onde foi levado no fim da tarde da segunda-feira (11).

“A gravidade da conduta é extremamente acentuada. Tamanha era a ousadia e intenção do custodiado de satisfazer a lascívia, que praticava a conduta dentro de hospital, com a presença de toda a equipe médica, em meio a um procedimento cirúrgico. Portanto, sequer a presença de outros profissionais foi capaz de demover o preso da repugnante ação, que contou com a absoluta vulnerabilidade da vítima, condição sobre a qual o autor mantinha sob o seu exclusivo controle, já que ministrava sedativos em doses que assegurassem a absoluta incapacidade de resistir”, afirmou a juíza Rachel Assad.

A juíza disse ainda que: “em um parto onde a mulher, além de anestesiada, dava luz ao seu filho – em um dos prováveis momentos mais importantes de sua vida – o custodiado, valendo-se de sua profissão, viola todos os direitos que ela tinha sobre si mesma. Portanto, o dia do nascimento de seu filho será marcado pelo trauma decorrente da brutal conduta por ele praticada, o que será recordado em todos os aniversários”.

Preso por tempo indeterminado

O médico foi preso pelo estupro de uma mulher na hora do parto, e a delegada Bárbara Lomba, da Delegacia de Atendimento à Mulher, investiga se há pelo menos mais cinco vítimas.

Com a mudança do status da prisão, o médico ficará preso por tempo indeterminado, tendo sua situação reavaliada se ultrapassar 90 dias. Neste tempo, o inquérito policial poderá ser concluído e entregue ao Ministério Público que decidirá pela denúncia ou não, e pela manutenção da prisão.

O caso 

De acordo com as investigações, o anestesista Giovanni Quintella Bezerra estuprou uma paciente enquanto ela estava dopada e passava por um parto cesárea no Hospital da Mulher Heloneida Studart, em Vilar dos Teles, em São João Meriti, região localizada na Baixada Fluminense.

A investigação teve como ponto de partida denúncias da equipe de enfermagem da unidade hospitalar que filmaram o anestesista colocando o pênis na boca de uma paciente quando ele participava do parto dela.

A gravação, que foi entregue à polícia, foi realizada pelos colegas de trabalho do médico após surgir a desconfiança de que ele estava cometendo abuso sexual a paciente.

Os colegas de trabalho do médico começaram a desconfiar por causa da quantidade de anestésico que o profissional utilizava e pelos movimentos estranhos que ele realizava quando ficava com as pacientes isoladas.

A partir da desconfiança, a equipe de enfermagem resolveu colocar um celular na região em que a paciente fica isolada para filmar. Foi com isso que descobriram que o anestesista estuprava as mulheres que iam parir.

O médico foi preso pela delegada Bárbara Lomba, da Delegacia de Atendimento à Mulher de São João de Meriti.  Lomba declarou ao G1 que agora eles investigam para descobrir quantas pacientes podem ter sido estupradas pelo médico Giovanni Quintella Bezerra.

Via: Revista Fórum

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