Na disputa intensa pelo tempo de tela, a Netflix vem mostrando força para encarar o YouTube de igual para igual — e os números do segundo trimestre de 2025 comprovam isso. Nesta quinta-feira (17), a plataforma divulgou seus resultados financeiros, registrando um aumento de 45% no lucro anual, superando as previsões de Wall Street.

A companhia alcançou um lucro operacional de US$ 3,77 bilhões, alta de 12,8% em relação ao trimestre anterior, e uma receita de US$ 11,1 bilhões, 16% acima do mesmo período de 2024. O bom desempenho fez as ações avançarem 2% no pós-mercado e levou a empresa a revisar para cima sua previsão de receita anual, de US$ 44,8 para US$ 45,2 bilhões.

O desempenho impressiona porque o segundo trimestre costuma ser mais fraco para a Netflix, especialmente na captação de novos assinantes. Para driblar a sazonalidade, a empresa investiu em uma oferta consistente de séries de sucesso, como a terceira temporada de Ginny & Georgia e o final de Round 6. O dólar mais desvalorizado também ajudou: mais de 70% da base de clientes da Netflix está fora dos EUA.

Mesmo com sinais de estagnação no crescimento de assinantes nos EUA, o mercado doméstico avançou 15% no segundo trimestre, sustentado pelo aumento de preços e pela expansão do plano com anúncios — que deve dobrar a receita publicitária até o fim do ano, alcançando 12 mercados.

Mais forte que a soma dos rivais

Pela primeira vez, a Netflix projeta lucro líquido acima de US$ 10 bilhões em 2025, impulsionada por novas temporadas de Stranger Things e Wandinha e pela alta das taxas de câmbio. As ações quase dobraram de valor em um ano, e o valor de mercado chegou a US$ 542 bilhões — mais do que Disney, Comcast e Warner Bros. Discovery juntas.

O bom momento se reflete também na qualidade dos conteúdos: a empresa liderou as indicações ao Emmy 2025 com 13 nomeações. Entre os destaques estão Adolescência (6 indicações), A Diplomata (2), Irmãos Menendez: Assassinos dos Pais (4) e Black Mirror (2).

YouTube ainda na frente, mas há sinergia

No tempo total de TV, a briga com o YouTube ainda é desigual. Segundo a Nielsen, os dois somam 20% do consumo de TV: o YouTube lidera com 12,5% contra 7,5% da Netflix — uma diferença que saltou de meio ponto em 2022 para cinco pontos percentuais hoje.

Enquanto o YouTube se apoia em vídeos gratuitos de criadores, a Netflix aposta em produções originais e licenciadas, todas dentro de um modelo 100% pago. Hoje, cerca de 7 milhões de americanos assistem ao YouTube na TV a qualquer hora, contra 4,7 milhões que assistem à Netflix. No horário nobre, a disputa aperta: 11,1 milhões para o YouTube e 10,7 milhões para a Netflix.

Para o co-CEO Ted Sarandos, o YouTube é mais aliado que inimigo: ele chama a plataforma de “ponto de partida” para criadores que podem evoluir para produções de alto investimento. Prova disso é que a Netflix já licencia conteúdos de youtubers populares, como o infantil Ms. Rachel, e negocia com canais como Mark Rober, Dude Perfect e Gracie’s Corner.

Enquanto briga pela liderança, a Netflix mostra que não quer só disputar tempo de tela — quer transformar cada minuto em um conteúdo valioso e lucrativo.

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