
Brasil – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta sexta-feira (18), sem citar a operação da Polícia Federal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que “não vai entregar este país de volta àquele bando de malucos”. A fala foi dita em discurso durante agenda no interior do Ceará. Apesar da declaração, Lula destacou que só decidirá em 2026 se será candidato nas próximas eleições.
“Ano que vem tem eleição. Se preparem, porque tem muito candidato na praça. Todo dia eu vejo uma pesquisa que tem candidato aqui, candidato acolá. Eu só vou decidir se vou ser candidato ano que vem, porque eu tenho que conversar com a minha própria consciência e com vocês”, afirmou, ao citar a condição de saúde e a idade.
“Não se preocupem, eu vou fazer 80 anos. Se eu tiver com a saúde que eu estou hoje, com a disposição que eu estou hoje, podem ter certeza que serei candidato outra vez para ganhar as eleições. Porque eu não vou entregar este país de volta àquele bando de maluco, que quase destruiu o país nesses últimos anos. Podem estar certos disso, eles não voltarão. Não é porque o Lula não quer, é porque vocês não vão deixar eles voltarem”, acrescentou Lula, em Missão Velha (CE).
A declaração de Lula foi feita horas depois de a Polícia Federal cumprir, na manhã desta sexta-feira (18), dois mandados de busca e apreensão na residência do ex-presidente Jair Bolsonaro em Brasília.
A decisão partiu do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, que também determinou medidas cautelares a Bolsonaro, como uso de tornozeleira eletrônica e proibição de acesso a redes sociais.
Em seguida, a Primeira Turma da Corte formou maioria para manter a decisão do ministro. Após pedido de Moraes, o ministro Cristiano Zanin convocou uma sessão extraordinária virtual do colegiado para analisar a determinação.
Mais cedo, Moraes votou para manter a decisão. Seguiram Moraes os ministros Flávio Dino e Cristiano Zanin. Faltam votar os ministros Cármen Lúcia e Luiz Fux.
No plenário virtual, não há discussão. Os ministros apresentam os votos de maneira remota no sistema do STF.
Em nota, a defesa do ex-presidente afirmou que recebeu com “surpresa e indignação” a imposição de medidas “severas” contra ele. Segundo os advogados, Bolsonaro sempre cumpriu as determinações do Poder Judiciário.
Na decisão, Moraes afirmou que o ex-presidente “confessa”, de forma “consciente e voluntária”, a prática de atuação criminosa na extorsão contra a Justiça brasileira, ao condicionar o fim do tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, à própria anistia.
“Não há, portanto, qualquer dúvida sobre a materialidade e autoria dos delitos praticados por Jair Bolsonaro, onde pretende, tanto por declarações e publicações, quanto por meio de induzimento, instigação e auxílio – inclusive financeiro a Eduardo Bolsonaro, o espúrio [ilegitimo] término da análise de sua responsabilidade penal, seja por meio de uma inexistente possibilidade de arquivamento sumário, seja pela aprovação de uma inconstitucional anistia”, escreveu o ministro.
Moraes recorreu, ainda, a uma citação do escritor Machado de Assis, imortal da ABL (Academia Brasileira de Letras).
“A soberania nacional é a coisa mais bela do mundo, com a condição de ser soberania e de ser nacional”, diz o trecho destacado da crônica “História de Quinze Dias”, publicada em 1876.
Moraes reforçou o argumento da soberania nacional e afirmou que ela não pode ser negociada nem extorquida, por se tratar de um dos fundamentos da República.
“O STF sempre será absolutamente inflexível na defesa da soberania nacional e em seu compromisso com a democracia, os direitos fundamentais, o Estado de Direito, a independência do Poder Judiciário nacional e os princípios constitucionais brasileiros”, destacou o ministro.