BRASIL – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva revelou a jornalistas nesta quinta-feira (12), que recebeu uma proposta para que fosse instaurada uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) — quando os militares são chamados a atuar — a partir dos ataques de domingo, mas negou. Sua justificativa revela a desconfiança que ainda impera na relação do presidente com os militares.

“Se eu tivesse feito GLO eu teria assumido a responsabilidade de abandonar a minha responsabilidade. Aí assim estaria acontecendo o golpe que algumas pessoas queriam. ‘Lula deixa de ser governo para que algum general assuma o governo’. Por isso eu não fiz GLO”, justificou.

Os atos de domingo e a resposta atrasada e confusa das forças de segurança aumentaram uma suspeita que já existia no novo governo em relação aos militares, especialmente os lotados no Planalto por Bolsonaro.

Em uma tentativa de recuperar uma relação com as forças, Lula escolheu como ministro da Defesa José Múcio Monteiro, de perfil conciliador. Múcio chegou a defender que as demonstrações nas frentes dos quartéis de bolsonaristas que pediam golpe eram democráticas e que os acampamentos seriam desmanchados pacificamente — alvo de uma das reclamações do presidente, que disse ter recebido informações erradas.

Apesar dos erros do ministro, Lula defendeu Múcio e deixou claro que ele fica no governo. “Quem coloca ou tira ministro é o presidente da República. Múcio vai continuar sendo ministro porque eu confio nele, temos uma relação histórica”, defendeu Lula.

“Se eu tiver que tirar cada ministro na hora que ele comete um erro, sabe, vai ser a maior rotatividade de mão de obra da história do Brasil. Todos nós cometemos erros.”

Mesmo dizendo que não quer marcar seu mandato com revanchismo, Lula defendeu que é preciso tirar “bolsonaristas raiz” do centro do governo. Esclareceu, no entanto, que não quer um “governo só de petistas” e não pretende tirar pessoas que eram, por exemplo, apoiadoras da Operação Lava Jato. “Se é um funcionário de carreira que faz seu trabalho com retidão, não há porquê.”

A Lava Jato investigou corrupção na Petrobras e acabou levando o atual presidente para a prisão — a Justiça anularia a condenação, depois, por parcialidade do juiz do processo, Sergio Moro.

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