Mundo – O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, voltou a alertar para o que considera uma ameaça concreta de invasão militar pelos Estados Unidos, em meio ao maior deslocamento de forças norte-americanas no mar Caribe em mais de três décadas. As declarações foram feitas durante um encontro com jovens comuneros, pouco antes de novas ações militares serem anunciadas por Washington.

A RT destacou que o secretário de Guerra dos EUA, Peter Hegseth, confirmou o início da chamada “Operação Lança do Sul”, apresentada pelo governo norte-americano como uma ofensiva para “eliminar narcoterroristas” no hemisfério e “proteger” o país das drogas. Caracas, entretanto, classifica a iniciativa como uma agressão direta à sua soberania.

Durante a reunião com jovens, Maduro declarou que os Estados Unidos “ameaçam a Venezuela com uma invasão”. Em seguida, dirigiu-se aos presentes com perguntas retóricas: “Vocês querem que venham perseguir a juventude aqui? Levante a mão quem quer ser escravo gringo, quem quer que a Venezuela se converta em uma colônia gringa, quem quer que os fascistas tomem o poder político na Venezuela”. Todos responderam negativamente.

O presidente pediu que a juventude reafirmasse a defesa da autonomia nacional e reforçou a necessidade de manter a república “livre e independente para sempre”. Ao conclamar os jovens a serem “rebeldes”, ouviu como resposta o grito coletivo de “não voltarão!”, lema histórico que rejeita o retorno ao poder dos grupos que dominaram a política venezuelana entre 1958 e 1998 e que hoje compõem a ala mais radical da oposição.

Maduro também destacou o papel dos jovens na transformação das comunidades: “A juventude deve se empoderar no território com muita fortaleza. Os comitês que iniciamos e instalamos são o ponto de partida para tornar realidade todo o mapa de sonhos na sua comunidade, junto à família, aos amigos, avançando com esforço próprio”.

Desde agosto, Washington enviou navios de guerra, aviões de combate, tropas e até um submarino para a região, sob o argumento de combater o narcotráfico. Paralelamente, acusou Maduro, sem apresentar provas, de liderar um “cartel” e aumentou a recompensa para informações que levem à sua captura. A ofensiva cresceu após a revelação de que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, autorizou a CIA a realizar operações encobertas em território venezuelano. Em resposta, Maduro questionou: “Alguém pode acreditar que a CIA não está operando na Venezuela há 60 anos? Alguém pode acreditar que a CIA não conspira há 26 anos contra o comandante Hugo Chávez e contra mim?”.

As movimentações militares norte-americanas têm sido condenadas por Caracas e criticadas internacionalmente. No Conselho de Segurança da ONU, o representante permanente da Rússia, Vasili Nebenzia, afirmou que a presença dos EUA no Caribe não corresponde a exercícios militares regulares, mas a uma “campanha descarada de pressão política, militar e psicológica contra o governo de um Estado independente”.

O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, também condenou os bombardeios registrados na região. As ações contra pequenas embarcações foram igualmente rejeitadas pelos governos de Colômbia, México e Brasil, além de especialistas da ONU, que classificaram os ataques como “execuções sumárias” contrárias ao direito internacional.

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