Manaus – A capital amazonense será palco neste domingo (07/12), às 17h, do ato nacional Mulheres Vivas, movimento de protesto e conscientização contra a violência de gênero, em especial o feminicídio. A manifestação ocorre na Praça do Congresso, no Centro Histórico de Manaus, e busca alertar para os dados alarmantes recentes em todo o Brasil.

De acordo com os organizadores, o Brasil vive situação de “emergência nacional” no que se refere à violência contra mulheres: somente em 2025, o país já ultrapassou a marca de mil feminicídios – uma média de quatro vítimas por dia.

A situação no Amazonas

No Amazonas, o cenário também preocupa: conforme o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, houve um aumento de 26% nos casos de feminicídio entre 2023 e 2024, totalizando 29 mortes no último ano.

Além disso, os registros de denúncia de violência contra a mulher no estado também cresceram. Em 2024, a central de atendimento Ligue 180 registrou um aumento de 45,48% nas denúncias em comparação com o ano anterior – com 1.609 denúncias.

Caso que chocou o estado: feminicídio de Raimunda da Silva Leite

Um dos crimes que mais repercutiu no Amazonas e que tem sido citado como símbolo da urgência da mobilização foi o assassinato de Raimunda da Silva Leite. A mulher, de 36 anos, foi morta a facadas pelo ex-companheiro, Jackson Bezerra da Silva, em 07 de setembro de 2024, no município de Lábrea, cerca de 702 km de Manaus. O crime foi cometido na rua, em plena via pública, e presenciado pelas duas filhas menores do casal.

Segundo o relato da polícia, Jackson não aceitava o término do relacionamento. Apesar de Raimunda ter solicitado e obtido medida protetiva, ele passou a perseguí-la e ameaçá-la por meses. No dia do crime, ele a interceptou quando ela estava de motocicleta com duas filhas, e a atacou com golpes de faca, desferindo dois ferimentos graves — um deles atingiu o coração da vítima. Ela morreu pouco depois, no local.

As imagens do assassinato chegaram a ser gravadas por câmeras de segurança e divulgadas pela imprensa local, um aspecto que chocou a sociedade e reacendeu o debate sobre a urgência de ações de proteção efetivas às mulheres.

O autor do crime foi preso preventivamente pelas autoridades locais no dia seguinte, com o apoio da população e da polícia. Ele responderá por feminicídio.

Mobilização e vozes por mudanças

Com base neste contexto alarmante, o ato Mulheres Vivas pretende chamar atenção da sociedade e das autoridades para a gravidade da violência de gênero e cobrar medidas concretas de prevenção, proteção e justiça. Em Manaus, a convocação afirma: “Nossa voz é forte! Juntas, ninguém nos cala”.

Para autoridades e coletivos, os aumentos nos índices, tanto de denúncias quanto de feminicídios, reforçam a necessidade de fortalecimento de políticas públicas, ampliação do acolhimento às vítimas, maior agilidade nas investigações e garantia de proteção às mulheres ameaçadas.

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