Brasil – Depois do ato convocado por Jair Bolsonaro que reuniu aliados políticos e apoiadores na Avenida Paulista, no último domingo, o mês de março tem datas marcadas para a mobilização dos movimentos populares de esquerda como resposta. Atos para cobrar punição dos envolvidos na tentativa de golpe de 8 de janeiro devem acontecer no 23 de março, dias antes do aniversário do golpe militar de 1964.

O calendário inclui, para além da afirmação da democracia e justiça, a comemoração ao Dia da Mulher e a defesa do povo palestino, que sofre com o genocídio promovido por Israel na Faixa de Gaza.

Liberdade

Raimundo Bonfim, coordenador nacional da Central de Movimentos Populares (CMP) e integrante da coordenação nacional da Frente Brasil Popular, uma das organizações que convocam as manifestações, falou ao site de notícias Brasil de Fato (BdF) e declarou que a manifestação será um dia para reafirmar que não há mais espaço para qualquer ditadura no país.

— Infelizmente, nesses 60 anos de golpe militar, o que nós estamos assistindo é que diversas forças políticas, lideradas pelo ex-presidente da República (Jair Bolsonaro, PL), flertam novamente com o golpe. Vamos lembrar aqui a tentativa de golpe do 8 de janeiro de 2023 (…) e também fazendo a defesa da democracia — afirmou.

Para realizar essa defesa, Bonfim considera essencial reforçar a memória sobre o horror de 1964 e da ditadura que “torturou, prendeu centenas de pessoas e militantes, acabou com a liberdade de expressão”.

Anistia

Bolsonaro, que é investigado por tentativa de golpe, pediu no ato do último domingo anistia aos condenados e processados pelos ataques contra as sedes dos Três Poderes em Brasília, em 8 de janeiro do ano passado.

Raimundo Bonfim argumenta que não podemos fazer como em 1979, quando a Lei da Anistia permitiu o perdão para todos aqueles que cometeram crimes políticos no período militar.

— Houve, até compreensível naquele momento, um processo de anistia ampla e irrestrita na qual também os militares, aqueles assassinos, aqueles que torturaram, e mataram muita gente no nosso país, foram anistiados. A gente não pode permitir a possibilidade de novamente ter uma anistia para aqueles que cometeram crimes não só contra a democracia, mas também cometeram os crimes como foi no caso da pandemia, (em) que o ex-presidente da República é responsável por quase a metade daquelas 700 mil mortes no nosso país”, afirma o coordenador da CMP — lembrou.

Cessar-fogo

Para Bomfim, ”a defesa da democracia deve ser feita nas redes, mas deve ser feita também nas ruas. É por isso que nós estamos iniciando a construção dessa grande jornada de mobilização no mês de março”.

Os primeiros atos da jornada já serão no próximo dia 8 de março, celebrando o dia da mulher. A ideia é também realizar manifestações para recordar e cobrar justiça pelo assassinato de Marielle Franco. O crime contra a então vereadora completa 6 anos no dia 14 de março. O conflito em Israel também será uma das pautas da mobilização.

“E culmina com o 23 de março, numa jornada de mobilização com os temas dos 60 anos de golpe, ditadura nunca mais, sem anistia, punição para os golpistas e também o tema da denúncia pelo cessar-fogo e contra o genocídio na Palestina — resume Bonfim.

Fonte: Correio do Brasil 

Artigo anteriorCurso de Dança da UEA recebe nota máxima em avaliação do Conselho Estadual de Educação
Próximo artigoVÍDEO: Mulher é presa por racismo durante filme de Bob Marley: ‘Quanto preto no cinema’