Manaus – O médico Antônio Cabede, 78, conhecido como Dr. aborto, que foi preso na manhã da última quarta-feira, 10/04, junto com sua companheira, Maristela Melo da Silva, 39, durante a Operação Nascituro, por prática de abortos na capital, mantinha uma vida de luxo.
Segundo informações, Dr. aborto ostentava carro de luxo, viagens, passeios em shoppings e restaurantes de alto padrão, além de manter a sua filha, Verena Cabed, estudando medicina nos Estados Unidos.
De acordo com as apurações, o médico cobrava até R$ 8 mil por procedimento, e é ex-sócio do também médico Durval Herculano Carriço de Almeida, já falecido, que ficou conhecido por prática de abortos na capital.
Investigação
A investigação começou após denúncia ao Ministério Público do Estado do Amazonas (MP-AM) que informava a prática ilegal de negociação e realização de abortos. Após início das investigações, foi constatado que os procedimentos eram realizados em uma clínica localizada no Conjunto Beija-Flor, bairro Flores, zona Centro-Oeste da cidade.
“Um dos nossos meios de investigação foi a quebra de sigilo telefônico, no qual, em eventuais escutas, verificamos que ele (médico) negociava essas práticas de aborto. Com a deflagração da operação, vários celulares tanto dele quanto da esposa foram apreendidos”, explicou o coordenador do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), Reinaldo lima.
Segundo Lima, os valores para a realização do aborto variavam de R$ 2.200 a R$ 5.000. Esses valores mudavam de acordo com o tempo gestacional. Em outros casos de maior complexidade, o serviço podia chegar até R$ 8 mil.
Prisão
De acordo com o promotor Flávio Mota, o pedido de prisão temporária foi deferido pela 1ª Vara do Tribunal do Juri, após ser verificado que o médico estava combinando abortos, ainda na noite da última terça-feira, 09/04. A agenda do Dr. aborto indicava que o mesmo iria retornar ao estado do Rio de Janeiro na noite desta quarta, porém a operação foi deflagrada e o mesmo foi detido.
“Em depoimento, Antônio põe a culpa da denúncia na família de um médico, que já é falecido, e no qual ele era sócio, e falou que realmente realizava abortos no início dos anos 90, porém já havia algum tempo que não realizava, o que tornou o depoimento bem contraditório em relação as suas ações”, explicou Mota.
Ainda segundo o promotor, a mulher de Antônio atuava como a intermediadora entre os pacientes e o médico. Eles possuem residência fixa no Rio de Janeiro e vinham para Manaus em períodos alternados possivelmente para realizar esses procedimentos.
Cerca de seis celulares foram apreendidos durante a operação e em apenas um deles foi verificado que há mais de 200 conversas de negociação de aborto. Porém só com essas verificações iniciais não é possível afirmar que houve esse total de abortos, mas que esse foi a quantidade de mulheres que entraram em contato com a intenção de realizar o procedimento,” diz o promotor.
Além de celulares, outros objetos apreendidos durante a operação foram remédios da rede pública de saúde e receituários com a assinatura de Antônio. O médico e a esposa ficarão detidos em uma delegacia de polícia.
O MP-AM segue apurando os fatos, e não descarta a possibilidade de o pedido de prisão temporária ser convertido em preventiva.
As informações são do Portal Marcos Santos