BRASIL – Anderson Torres, ex-ministro da Justiça do governo de Jair Bolsonaro (PL) e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, presta nesta terça-feira (8) depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) referente aos eventos de 8 de janeiro. O depoimento de Torres se concentra na sua suposta omissão em relação aos acontecimentos que levaram à depredação dos prédios dos Três Poderes em Brasília.

No início da sessão, de acordo com o Metrópoles, Torres defendeu-se das acusações relacionadas à chamada ‘minuta do golpe’. Ele afirmou: “em 10 de janeiro, durante uma busca e apreensão em minha casa, a polícia encontrou um texto apócrifo, sem data, uma fantasiosa minuta que vai para a coleção de absurdos, que, constantemente, chegam aos detentores de cargos públicos. Vários documentos vinham de diversas fontes para que fossem submetidos ao ministro”.

“Um desses documentos é um texto chamado de minuta do golpe. Basta uma breve leitura para que perceba ser imprestável para qualquer fim. Uma verdadeira aberração jurídica. Esse papel não foi para o lixo por mero descuido. Não sei quem entregou esse documento apócrifo e desconheço as circunstâncias em que foi produzido. Sequer cogitei encaminhar ou mostrar para alguém”, disse na sequência.

Sobre a presença de manifestantes pró-golpe em frente ao Quartel-General do Exército, Torres alegou que “nunca houve omissão ou leniência de minha parte enquanto ministro da Justiça sobre esses acampamentos. Nunca houve qualquer entendimento para que fossem monitorados ou investigados. Quando reassumi a Secretaria de Segurança do DF, minha primeira ação foi tratada do desmonte do acampamento em frente ao QG do Exército”.

O ex-secretário de Segurança do Distrito Federal também afirmou que se o Protocolo de Ações Integradas (PAI) tivesse sido rigorosamente seguido, os acontecimentos de 8 de janeiro poderiam ter sido evitados. O PAI é um conjunto de medidas coordenadas de segurança para a manutenção da ordem pública. Torres declarou: “o documento previa o fechamento da Esplanada (dos Ministérios). Posso afirmar que houve falha grave na execução do PAI. Se tivessem seguido à risca, os atos não teriam sido consumados”.

Diante de deputados e senadores, Torres alegou ainda que não recebeu nenhum alerta sobre os atos antidemocráticos em Brasília. “Se eu tivesse recebido qualquer alerta ou informe de inteligência indicando o risco iminente de violência e o vandalismo não teria viajado”. Torres embarcou com a família para os Estados Unidos na noite da sexta-feira (6) e chegou àquele país na manhã do sábado (7).

O ex-ministro acrescentou que nunca questionou os resultados das eleições e destacou que foi o primeiro ministro a receber a equipe de transição, representada no seu caso por Flávio Dino, que seria seu sucessor.

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