A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) deflagrou a operação Cilada, que visa desarticular organização criminosa de travestis e outros homens acusados de extorsão a homens casados. Foram expedidos oito mandados de prisão.

O líder de uma organização criminosa, Samuel Junio Napole de Souza, 21 que estava foragido, foi preso pela Polícia Federal na segunda-feira (1º). Ele é acusado de extorquir e espancar vítimas em hotéis de luxo do Brasil e da Europa, e teria  faturado, ao menos, R$ 100 mil, exigindo dinheiro sob ameaça de divulgar fotos e vídeos de homens com alto poder aquisitivo mantendo relações sexuais com travestis.

Samuel Junio Napole de Souza, 21, líder do grupo. Foto: Willian Matos/Jornal de Brasília

Outro suspeito, Paulo Rogério Vasconcelos, 20 anos, está na Europa. Embora não seja travesti, ele teria passado a se vestir de mulher a fim de não ser reconhecido. A polícia ainda procura por Carlos Henrique Leão Costa, 19 anos, que foi visto pela última vez em São Paulo.

Entre os dias 23 e 24 de junho, quatro travestis foram presas em Goiás. As investigadas são: Yago Pereira da Silva, 24, conhecida como Anitta; Eduardo Sousa Luz Santos, 24, que adotou o nome Stefanny; Marcelo Dias Moreira, 20, a Marcela; e Hiago Alves dos Santos, 20, que se apresenta como Tifanny Lorrani. Outro detido foi Paulo Henrique Alves Ferreira, 21.

Os cinco meses de investigação da Polícia mostram que eles marcavam encontros sexuais através do aplicativo Grindr (app de relacionamento voltado ao público LGBT), filmavam as cenas de sexo e chantageavam as vítimas logo após o ato, ameaçando divulgar os vídeos em redes sociais.

Os agentes apreenderam celulares que custam até R$ 6 mil com as suspeitas. O material passa por perícia.

12 celulares foram encontrados com os cinco presos. Foto: Willian Matos/Jornal de Brasília

Francês extorquido

Em outro momento das imagens registradas no quarto do hotel, um francês aparece gritando no ambiente completamente revirado. A cena é filmada por Paulo Rogério Vasconcelos, 20.

Os investigadores concluíram que as travestis reproduziam as extorsões não só na Europa. No Brasil, há relatos da atuação delas em Brasília (DF), Goiânia (GO), Fortaleza (CE), São Paulo (SP) e São Luiz (MA). As suspeitas são naturais de Goiânia, mas não mantinham residência fixa e viajavam com frequência.

Segundo o delegado da 5ª DP, Gleyson Gomes Mascarenhas, o golpe funcionava, e o lucro era alto. “A quadrilha conseguia lucrar muito dinheiro com os crimes. A média era de R$ 10 mil a R$ 15 mil. Um dos criminosos teria conseguido juntar cerca de R$ 400 mil”, afirmou o delegado.

Os encontros aconteciam em hotéis do Setor Hoteleiro Sul. Enquanto um deles se oferecia a fazer sexo com a vítima, outros dois estavam escondidos no quarto para filmar. Eles obrigavam as vítimas a entregar dinheiro, senhas de cartões e até fazer empréstimos consignados. Caso contrário, teriam os vídeos de sexo expostos na internet. Um dos integrantes do grupo ia sacar os valores enquanto outros ficavam com o cliente no quarto, que chegava a ser espancado pelos golpistas independentemente de reação positiva ou negativa dos lesados. No vídeo abaixo é possível ver o momento em que parte do grupo chega a um hotel:

Ainda de acordo com o delegado, eles estavam no DF desde o ano passado. Três vítimas que foram extorquidas entre janeiro e fevereiro procuraram a polícia, mas é possível que o grupo tenha feito vítimas há mais tempo. Eles já passaram por Fortaleza, Recife, São Paulo, Santos, dentre outras cidades. Ficavam nelas por um tempo e fugiam quando começavam a ficar marcadas pela polícia de cada local. O líder do grupo, Samuel, teria espancado um médico em Goiânia quase que até a morte.

Viagens internacionais

Investigações mostram que um dos membros fez uma viagem ao Chile com o dinheiro extorquido. Outro foi para Paris, na França, e depois para a Espanha. Segundo o delegado, eles ostentavam vida de luxo no Brasil e no exterior, sempre andando em hotéis cinco estrelas e portando celulares caros.

A PCDF suspeita, também, que o grupo investia o lucro em compra de veículos que eram revendidos logo depois, fazendo, assim, lavagem de dinheiro.

“Mostra eles também!”

Na delegacia, os cinco presos se negaram a falar no primeiro momento. Depois, entre deboches e beijinhos para a câmera, um deles gritou: “mostra eles também. Traz as esposas deles aqui para elas verem que o marido delas gosta de fazer sexo com travesti”. Em outro momento, mais um comentário: “Esses caras querem transar, não pagam e a gente é que rouba?!”.

O de preto, segundo da direita para a esquerda, chegou a mandar beijo para a câmera. Foto: Willian Matos/Jornal de Brasília

Os cinco serão indiciados pelos crimes de extorsão e lesão corporal. Os três foragidos seguem sendo procurados.

Com informações do Jornal de Brasília


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