
O presidente da Sociedade Árabe-Palestina no Amazonas, Mamoun Manasra, criticou a proposta anunciada pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu de assumir o controle da Faixa de Gaza e remover a população palestina do território. Para Manasra, a medida ultrapassa “todos os limites” e representa uma grave violação dos direitos humanos.
“Isso é forçar o deslocamento de um povo do próprio território. Vai contra todos os princípios, os direitos humanos, a dignidade humana e tudo o que aprendemos no mundo civilizado”, afirmou.
Ele destacou que, se o objetivo fosse realmente deslocar a população palestina, isso deveria ser feito para suas terras de origem, como Tel Aviv, Haifa e Jerusalém, hoje sob domínio israelense. “Trump ignora a história. Esse território sempre foi palestino. Nossa cultura, nossos ancestrais, nossa identidade estão lá. Como podem expulsar um povo inteiro de sua própria terra?”, questionou.
‘Somos vítimas’
Mamoun Manasra também argumentou que a proposta de Trump contraria resoluções da ONU que garantem o direito de retorno dos refugiados palestinos espalhados pelo Líbano, Síria e Jordânia. Ele classificou a situação do povo palestino como resultado do “sionismo internacional”, que, segundo ele, ocupa territórios historicamente palestinos.
“A Palestina sempre existiu, muito antes de Cristo. Abraão, que eles consideram o pai deles, era refugiado do Iraque. Nunca morou na Palestina. Desde os cananeus, essa terra é dos árabes. Há décadas, a ONU determinou que os refugiados palestinos têm direito de voltar, mas isso nunca aconteceu”, lamentou.
A ativista Umaila Ismail, da Comunidade Árabe-Palestina, afirmou que a proposta de Trump equivale a uma limpeza étnica que Israel já estaria executando. No entanto, ela acredita que o plano enfrentará resistência internacional. “Países como Arábia Saudita, Rússia, Egito e Jordânia já se posicionaram contra essa ideia. Não será fácil para os EUA e Israel colocarem isso em prática”, avaliou.
O jornalista Anwar Assi, membro da comunidade árabe no Amazonas, comparou a proposta de Trump à Solução Final de Adolf Hitler, que resultou no genocídio de judeus, ciganos e outros grupos na Segunda Guerra Mundial.
“O que Trump propõe para os palestinos é uma Solução Final. Ele quer dominar as terras e expulsar o povo. É um absurdo ver o presidente da maior potência mundial pregando genocídio e limpeza étnica. Essa declaração viola a lei internacional e destrói a solução de dois Estados, defendida pela maioria dos países”, afirmou.
Por outro lado, o cônsul honorário de Israel no Amazonas, Jaime Benchimol, afirmou ao jornal A CRÍTICA que a proposta foi recebida com surpresa. “Embora reconheçamos a boa intenção, sua execução nos parece improvável, considerando os desafios envolvidos. No momento, não possuímos detalhes adicionais”, declarou.