A Polícia Federal (PF) lançou a operação Disclosure na manhã desta quinta-feira (27), visando 14 suspeitos de participação em uma organização criminosa que supostamente praticava fraudes e manipulação de mercado nas Lojas Americanas. Entre os investigados estão o ex-presidente Miguel Gutierrez e o ex-CEO João Guerra Duarte Neto. Aproximadamente 80 agentes federais cumpriram dois mandados de prisão preventiva e 15 mandados de busca e apreensão nas residências dos ex-diretores no Rio de Janeiro.

A investigação foi impulsionada por acordos de colaboração premiada de Marcelo Nunes, ex-diretor financeiro da empresa, e Flávia Carneiro, responsável pela Controladoria da B2W. Com o apoio da atual diretoria das Americanas, a PF descobriu que os ex-diretores estavam envolvidos em fraudes contábeis relacionadas a operações de risco sacado, onde a empresa antecipava pagamentos a fornecedores através de empréstimos bancários.

A operação foi iniciada após a descoberta de um rombo de R$ 20 bilhões na empresa, anteriormente controlada por Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles. A PF apontou que os ex-diretores utilizaram manobras fraudulentas para manipular os resultados financeiros da empresa, visando receber bônus indevidos e inflacionar o valor das ações das Americanas, resultando em ganhos ilícitos.

Além de Gutierrez e Duarte Neto, outros alvos de busca incluem Anna Christina Soteto, Anna Saicali, Carlos Eduardo Padilha, Fabien Picavet, Fabio Abrate, Jean Pierre Ferreira, José Timotheo de Barros, Luiz Augusto Henriques, Marcio Cruz Meirelles, Maria Christina Do Nascimento, Murilo dos Santos Correa e Raoni Lapagesse Franco. A PF também encontrou fortes indícios de manipulação de mercado, uso de informação privilegiada (insider trading), associação criminosa e lavagem de dinheiro. A Justiça Federal ordenou o sequestro de bens e valores dos ex-diretores, totalizando mais de meio bilhão de reais.

A expressão “disclosure” no mercado financeiro refere-se à transparência nas informações de uma empresa. A crise das Lojas Americanas, que culminou em um rombo de R$ 20 bilhões revelado em janeiro de 2023, foi resultado de práticas financeiras irregulares, incluindo a não divulgação de operações de risco sacado. Em resposta, a empresa entrou com um pedido de recuperação judicial, com dívidas de R$ 43 bilhões, divididas entre bancos, credores trabalhistas e pequenas empresas. Uma CPI foi instaurada para investigar a fraude, mas, apesar de confirmar as irregularidades nos balanços, não conseguiu indiciar culpados por falta de provas.

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