
A gestão do prefeito David Almeida (Avante) volta a ser alvo de polêmica após a Secretaria Municipal de Educação (Semed) firmar um contrato de R$ 3,2 milhões com uma empresa do ramo de tecnologia para fornecer tambaqui moído à rede municipal de ensino.
A contratada é a Roberts Tecnologia e Comércio de Equipamentos Ltda, empresa especializada em equipamentos de telefonia e comunicação, sem histórico conhecido no fornecimento de alimentos. Mesmo assim, foi escolhida para fornecer peixes a milhares de alunos da rede pública. O contrato foi publicado no Diário Oficial do Município na terça-feira (8) e tem vigência de 12 meses.
Segundo a Receita Federal, a empresa atua em mais de 60 ramos distintos, incluindo manutenção de eletrônicos, comércio de material de higiene e consultoria em TI. Nada, porém, que a relacione diretamente à venda de pescado. O contrato, além disso, não informa a quantidade de tambaquis a ser entregue, o que levanta ainda mais suspeitas.
Assinado pelo atual secretário de Educação, Júnior Mar, o documento estipula o valor unitário do peixe em R$ 42,16, o que sugere a aquisição de aproximadamente 76 mil unidades, embora nenhum dado oficial sobre volume tenha sido divulgado.
A empresa tem sede na rua Japurá, no Centro de Manaus, e um capital social de apenas R$ 500 mil — um valor muito inferior ao total do contrato. Os sócios também atuam em áreas variadas, o que reforça o caráter multifuncional da empresa, distante do perfil de um fornecedor de merenda escolar.
O caso reforça um padrão na administração de David Almeida. No primeiro mandato, a prefeitura já havia contratado uma empresa de tecnologia para fornecer carne bovina, em contrato que virou alvo de investigação do Ministério Público, após denúncias de que a empresa sequer existia no endereço declarado.
Na época, a Semed era comandada pela irmã do prefeito, Dulce Almeida, afastada após um rompimento familiar que envolveu disputas internas. Agora, sob nova gestão, a pasta volta ao centro das atenções com mais uma contratação questionável.
Diante da falta de transparência, da incoerência na escolha da empresa e do histórico da atual gestão, o contrato com a Roberts Tecnologia pode ser alvo de questionamentos no Tribunal de Contas do Estado e outros órgãos de fiscalização.
Veja os documentos da íntegra :