
O Departamento Especializado de Luta contra a Corrupção da Bolívia prendeu, na tarde desta quinta-feira (23/5), o major Gabriel Soliz Heredia, chefe da Força Especial de Combate à Violência do país. Ele é suspeito de proteger e acobertar Marcos Roberto de Almeida, o Tuta, um dos principais líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC).
A suspeita surgiu após a prisão de Tuta, ocorrida uma semana antes em Santa Cruz de la Sierra, quando ele tentou renovar uma carteira de identidade boliviana com documentos falsos. Imagens de câmeras de segurança flagraram o momento em que Heredia cumprimenta e abraça o criminoso dentro de uma unidade do Serviço Geral de Identificação Pessoal (Segip). Nas imagens, Tuta aparece de camisa clara, aguardando atendimento, enquanto Heredia, de camiseta e boné pretos, se aproxima, conversa e se senta ao lado dele por alguns minutos.
Logo após o encontro, Tuta seguiu sozinho para o setor de emissão de documentos, onde foi desmascarado. Ao processar seus dados e colher as digitais, um atendente identificou um alerta da Interpol. A polícia foi acionada imediatamente e confirmou que se tratava de um dos chefes da maior facção criminosa do Brasil. Durante a prisão, tanto o major Heredia quanto o segurança que acompanhava Tuta fugiram do local.
O criminoso foi expulso da Bolívia no domingo (18/5) e entregue à Polícia Federal brasileira na cidade fronteiriça de Corumbá (MS). Atualmente, está preso na Penitenciária Federal de Brasília, unidade de segurança máxima.
Tuta era procurado desde que escapou da Operação Sharks, em 2020, após pagar R$ 5 milhões em propina a policiais da Rota para obter informações privilegiadas. Agora, com a prisão do major Heredia, as autoridades bolivianas investigam a possível rede de proteção ao traficante e os indícios de “influência indevida” dentro das instituições de segurança do país.