AMAZONAS – Os desdobramentos da chamada ‘CPI do Sertanejo’ chegaram ao Amazonas. Em Urucurituba, município a 218 quilômetros de Manaus, a prefeitura realiza a Festa do Cacau 2022, e para o evento contratou shows da dupla Bruno e Marrone pela bagatela de R$ 500 mil. Além dos sertanejos, os pagodeiros do Sorriso Maroto cobraram R$ 200 mil para se apresentar.

O Ministério Público do Amazonas (MPAM) conseguiu no Superior Tribunal de Justiça (STJ) uma liminar suspendendo a apresentação dos artistas. Na argumentação, o MP apontou que os contratos representam “grave lesão ao interesse público e aos princípios da administração pública”, além disso, o órgão afirma que o município vive situação precária em relação a vários serviços públicos e os maiores prejudicados são os moradores da cidade.

O ministro Humberto Martins, presidente do STJ, acatou o pedido e determinou que os contratos fossem rescindidos: “ainda que não se olvide da importância e relevância da cultura na vida da população local, a falta de serviços básicos em tamanha desproporção provoca um objetivo desequilíbrio que torna indevido o dispêndio e justificada a cautela buscada pelo MP”, diz o magistrado na decisão.

STJ desobedecido

Apesar da determinação, na madrugada dessa sexta-feira (17), os sertanejos Bruno e Marrone subiram ao palco da Festa do Cacau e realizaram seu show.

“Vai ter sim”, anunciou a prefeitura através do instagram do evento. Horas antes da apresentação da dupla, o prefeito de Urucurituba, Claudenor Pontes, conhecido como “Sabugo”, foi ao palco e disse que o cachê dos artistas seria pago pela iniciativa privada, e o valor gasto pela prefeitura seria estornado aos cofres públicos.

O show tem que continuar

Além de Bruno e Marrone, a Festa do Cacau manteve a apresentação do Sorriso Maroto. Os pagodeiros devem subir ao palco na madrugada deste sábado (18). O valor de R$ 200 mil também será pago pela iniciativa privada. Não se sabe quais empresas vão pagar pela apresentação, nem a forma como tal pagamento será realizado.

Histórico polêmico

Essa não é a primeira vez que Sabugo se mete em problemas com a Justiça. Em 2021, ele foi preso após a Operação Coleta de Luxo, que investigou o direcionamento de licitações, lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito em contratos para coleta de lixo da cidade. A operação foi realizada pelo Gaeco (Grupo de Atuação e Combate ao Crime Organizado), um dos braços do MPAM.

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