As professoras Maria Inez Pereira de Alcântara e Ana Patrícia Lima Sampaio, do Centro de Formação Profissional Padre José Anchieta (Cepan), da Secretaria de Estado de Educação (Seduc-AM), representaram o Amazonas no 4º Colóquio Cabo-Verdiano de Educação, em Cabo Verde, na África do Sul. O evento aconteceu nos dias 3 e 4 de maio, na Universidade de Cabo Verde, e teve como tema “A escola na sociedade atual: revisitar ‘velhos problemas’ para enfrentar desafios atuais”.
Na ocasião, a dupla apresentou dois artigos: “Processos Formativos Inovadores no Contexto Digital” e “Ambientes Virtuais e Mídias de Comunicação: Ferramentas de Interatividade”. Os trabalhos tiveram como enfoque a utilização das ferramentas digitais em ambientes educacionais.
“Vejo [essas ferramentas] como meios para alcançar até mesmo aqueles alunos que, muitas vezes, ficam dispersos em sala de aula por conta de metodologias não tão atraentes”, afirmou a professora doutora Maria Inez.
O primeiro artigo foi realizado após uma atividade de formação voltada aos professores do Departamento de Política e Programas Educacionais (Deppe), da Seduc-AM.
“Neste encontro, discutimos algumas ferramentas digitais, como o Google Forms e o Google Docs, e o método da ‘sala de aula invertida’. Depois, fizemos uma enquete com os participantes e, a partir disso, analisamos os resultados”, listou a professora.
A atividade de formação aconteceu no início de 2018 e fez parte de um projeto de capacitação voltado para professores da secretaria.
Já o segundo trabalho nasceu de um estudo de pós-graduação realizado por Ana Patrícia, na Universidade Federal Fluminense (UFF). O artigo teve como objeto de estudo o Modular Object – Oriented Dynamic Learning Environment, ou Moodle, uma plataforma de aprendizagem à distância baseada em software livre.
Experiência – Segundo Maria Inez Pereira de Alcântara, a apresentação dos artigos no 4º Colóquio Cabo-Verdiano de Educação foi uma “experiência indescritível”.
“O evento contou com participantes de todo o mundo e nossa sala [onde apresentamos] teve uma audiência bastante concorrida, com reitores de universidades e estudantes de graduação e pós assistindo à apresentação. Tivemos uma receptividade muito boa”, relatou a professora doutora.
A experiência da dupla, inclusive, superou as barreiras profissionais – nas palavras de Maria Inez. “Foi inesquecível. Primeiro, porque faz parte das minhas raízes, como mulher negra, e sempre sonhei em conhecer a África, mas achava algo inatingível. O colóquio fez, também, toda a diferença na maneira em que vemos o mundo. São continentes diferentes, mas com necessidades semelhantes”, acrescentou.
Importância – De acordo com Maria Inez, as mídias digitais fazem parte da realidade dos alunos e não podem ser ignoradas pelos professores.
“Trazendo essas ferramentas para dentro da sala de aula, tornamos o ambiente mais atraente para o estudantes. Eles se sentem motivados”, reforçou a professora, citando o autor norte-americano Marc Prensky: “As crianças que nasceram nos anos 2000 são consideradas ‘nativas digitais’, ou seja, cresceram com as tecnologias digitais presentes em sua vivência. Já nós somos considerados ‘imigrantes digitais’, aqueles que estão tentando se engajar à grande quantidade de inovações tecnológicas”, explicou.
A professora-doutora acredita que o “medo do novo” é o principal obstáculo enfrentado pelos educadores na hora de levar essas ferramentas digitais à sala de aula. “Eles [os professores] se mostram resistentes, estão inseguros, mas não podemos analisar a tecnologia como vilã, e sim como aliada na Educação, se utilizada de maneira correta”, encerrou.