BRASIL – Um estudo da Fundação Carlos Chagas mostra que os professores no Brasil acumulam, em média, mais trabalho e são responsáveis por um maior número de salas de aula durante o ano letivo, em comparação com profissionais de educação de outros países.

O levantamento foi divulgado nesta segunda-feira (25) e contou também com a participação do instituto D3E. O relatório levou em consideração os dados da pesquisa Teaching and Learning International Survey (TALIS), além de consultar informações de quatro sistemas educacionais.

O levantamento aponta que pelo menos 20% dos professores brasileiros do ensino fundamental (que vai do 5º ao 9º ano) lecionam em mais de uma escola de forma simultânea.

A título de comparação, apenas 4,7% dos docentes na França também atuam em mais de uma instituição. Ao analisar Japão e Estados Unidos, os números ficam ainda mais díspares. No país asiático, o percentual é de 2,7%, enquanto no norte-americano é de 1,7%.

À CNN, a doutora em administração pública e pesquisadora responsável pelo estudo, Gabriela Moriconi, afirma que a maior demanda gerada nos educadores no país pode causar um prejuízo para a qualidade de ensino.

Entre os pontos negativos mencionados, ela cita a falta de tempo dos profissionais de educação para planejar o conteúdo das aulas.

“Os professores brasileiros gastam uma proporção maior do seu tempo de trabalho dentro de sala de aula e atuam com um número total maior de alunos, em média, do que os seus colegas dos Estados Unidos, França e Japão. Isso significa que eles têm menos tempo disponível para atividades essenciais como planejar as aulas, por exemplo, e que a atenção que eles podem dedicar a cada aluno, individualmente, é menor”, disse Gabriela.

De acordo com o estudo, isso acontece porque as instituições no Brasil costumam contratar os professores em tempo parcial. No país, o percentual de profissionais trabalhando em tempo integral numa escola é de 27%. Já nas demais nações analisadas, esta proporção é sempre superior a 80%. Nos Estados Unidos, o indicador chega a 94%.

Por fim, o estudo aponta a “necessidade de mudança no paradigma de contratação e definição de atribuições dos docentes por parte das redes de ensino brasileiras”.

Os dados desse levantamento serão apresentados no dia 5 de novembro, no segundo webinário da série Pesquisas Educacionais em Foco, da Fundação Carlos Chagas.

Artigo anteriorPolícia Militar detém grupo por roubo de veículo na zona sul de Manaus
Próximo artigoMulher tem sua cabeça raspada e é espancada por membros de facção criminosa; veja vídeo