Durante uma sessão conturbada da CPI da Covid no Senado Federal, o relator Renan Calheiros (MDB-AL) fez ameaças de prisão contra o depoente desta quarta-feira, 12, o ex secretário de Comunicação Social da Presidência Fabio Wajngarten. No final da tarde, o senador decidiu que irá pedir, de fato, a prisão em flagrante – decisão que depende do presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM).

“O presidente [Aziz] pode até decidir diferentemente, mas eu vou, diante do flagrante evidente, pedir a prisão de vossa senhoria”, afirmou Renan dirigindo-se à Wajngarten.

O relator da CPI voltou a afirmar que o ex-secretário mentiu diversas vezes diante dos senadores, que questionaram Wajngarten a respeito de declarações que deu para a revista Veja, acusando o Ministério da Saúde de “incompetência” na aquisição de vacinas para o País.

“Vossa excelência mente; mentiu diante dos áudios [da entrevista para a Veja], mentiu em relação à entrevista”, pontuou o senador ao anunciar que pedirá a prisão do depoente.

Na sequência, o senador Fabiano Contarato (Rede-ES) também reforçou que mentir no depoimento pode levar a uma prisão em flagrante.

O presidente da comissão, Omar Aziz – que tem a palavra final sobre o assunto, deu a entender que recusará o pedido de prisão. “Eu não serei carcereiro”, pontuou. “Acredito que estou salvando a CPI dessa forma”.

Ameaças e bate-boca

As contradições apontadas pela cúpula da CPI entre o depoimento de Fabio Wajngarten e a entrevista concedida por ele à Veja levaram Renan Calheiros a falar em prisão em alguns momentos da sessão.

Os senadores concordaram em pedir à revista a íntegra da gravação da entrevista com o ex-secretário, na qual teria dito que houve “incompetência” e “ineficiência” do Ministério da Saúde ao lidar com a Pfizer.

“Queria requisitar áudio da Veja para verificarmos se ele mentiu ou não, se ele não mentiu, Veja vai ter que pedir desculpas, se ele mentiu, ele terá desprestigiado e mentido ao Congresso, o que é um péssimo exemplo. Se ele mentiu à revista Veja e a essa CPI vou, requerer a prisão do depoente”, disse Renan, o que levou a reação do senador governista Marcos Rogério (DEM-RO), segundo quem a postura do relator seria tipicamente um abuso de autoridade.

Diante da exaltação de ânimos, o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), chegou a sugerir que a sessão fosse encerrada porque o depoimento de Wajngarten estaria “prejudicado”.

Após o senador Eduardo Girão (Podemos) dizer que o ex-secretário estaria sendo “humilhado”, Aziz rebateu e afirmou que humilhados seriam os mais de 420 mil mortos pela pandemia. “Que humilhação? Não é assim não. Eu não humilho ninguém, você me conhece”, respondeu o presidente da CPI.

Créditos: Portal Terra e Estadão

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